A Polícia Federal informou, em relatório ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que a cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), já durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dificultou as investigações sobre o esquema de espionagem que veio a público nesta quinta-feira (25/10). O monitoramento de opositores ao governo ocorreu durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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A PF já tinha cumprido buscas na sede da agência, em Brasília, no ano passado. Mas como não tiveram acesso a todos os dados, sob alegação da gestão da Abin de que seriam informações sensíveis de inteligência, as equipes retornaram nesta quinta-feira.
"A gravidade ímpar dos fatos é incrementada com o possível conluio de parte dos investigados com a atual alta gestão da Abin cujo resultado causou prejuízo para presente investigação, para os investigados e para própria instituição", destaca um trecho da decisão do ministro Alexandre de Moraes, que se baseia no relatório da investigação.
Segundo a PF, o delegado Paulo Maurício Fortunato, que era responsável pelo software FirstMile, usado para captar o sinal de celulares monitorados, e descobrir a geolocalização, teria se livrado de informações sobre o programa antes de sair do cargo.
No governo Lula, ele continuou como "número 3" da Abin até outubro do ano passado. Ele foi exonerado após ser alvo da Operação Última Milha. Além dele, de acordo com o relatório, na primeira busca, integrantes da Abin teriam dificultado acesso a informações solicitadas, alegando que seriam dados "sensíveis de inteligência".
Um dos delegados teria se reunido com investigados e dito que a investigação da PF "iria passar".