Quatro dias antes da Polícia Federal deflagrar uma operação contra esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o ex-presidente Jair Bolsonaro alertou, pelo Telegram, que "as próximas semanas seriam decisivas", e com "momentos difíceis". De acordo com as investigações, uma rede de monitoramento de opositores e uso da estrutura da inteligência para atender interesses da família Bolsonaro foi montado entre 2019 e 2021 na agência.
Na ocasião, a Abin estava sob gestão de Alexandre Ramagem, nomeado por Bolsonaro e atual deputado federal.
No domingo, 21 de janeiro, em uma mensagem disparada em seu canal do Telegram, o ex-presidente demonstrou temor pelo que viria. "As próximas semanas poderão ser decisivas. Vivemos momentos difíceis, de muitas dores e incertezas", declarou ele.
Na ocasião, a PF tinha realizado uma ação mirando o deputado Carlos Jordy, líder da oposição no Congresso — acusado de envolvimento com organizadores e executores dos atentados de 8 de janeiro em Brasília.
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Na mensagem, Bolsonaro fez alusão ao desvio de foco de determinado assunto. "Quando um ímpio não quer que você olhe para um lado da estrada, ele bota fogo no outro lado da mesma, pois assim ninguém saberá do mal maior que ele fez do lado que você não olhará."
Ramagem é integrante da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso. A Polícia Federal apura se, por conta da função, ele teve acesso a informações sigilosas de operações policiais, ou se atuais integrantes da Abin continuaram repassando informações sigilosas ao parlamentar.
No gabinete do ex-chefe da Abin foi encontrado, nesta quinta-feira (25/1), um relatório sobre o curso das investigações sobre o esquema de espionagem.
Na decisão que autoriza a operação para cumprimento de mandados de busca e apreensão e coleta de depoimentos, o ministro Alexandre de Moraes determina que qualquer documento solicitado por Ramagem para outros órgãos públicos sejam enviados antes ao Supremo, para avaliação sobre se devem ou não ser repassados.
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