OPERAÇÃO VIGILÂNCIA APROXIMADA

Abin buscou relação de Moraes e Gilmar com o PCC, aponta PF

Operação Última Milha investiga espionagem ilegal de autoridades públicas realizada pela Agência durante a gestão de Alexandre Ramagem

Durante ações de busca da operação Última Milha, a Polícia Federal (PF) encontrou um relatório na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que descrevia a tentativa de associar os Ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, bem como Deputados Federais, à organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

O documento estava impresso em uma pasta junto de várias "missões" encomendadas à Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal que comandou a Agência entre 2019 e 2022.

Uma das missões de inteligência, nomeada Operação 'Portaria 157', buscava obter informações sobre a ONG Anjos da Liberdade e a suposta ligação com o PCC. Um dos arquivos, nomeado Prévia Nini.docx, retrata anotações que buscam associar os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes à organização criminosa, assim como alguns parlamentares. De acordo com a PF, o arquivo expõe "ação deliberada de desvirtuamento institucional da operação de inteligência em comento".

"O arquivo ‘Prévia Nini.docx’ mostra a distorção, para fins políticos, da providência, indicando a pretensão última de relacionar a advogada Nicole Fabre e os Ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital – PCC, alimentando a difusão de fake news contra os magistrados da Suprema Corte”, destaca parecer da Procuradoria Geral da República.

A Polícia Federal ainda aponta que a alta gestão da Abin, que inclui Alexandre Ramagem, interferiu nas apurações disciplinares para que o uso político da Agência não fosse divulgado.

Além disso, a PF descobriu que, sob ordens de Ramagem, a ferramenta de espionagem First Mile foi utilizada para monitorar ilegalmente Rodrigo Maia, então Presidente da Câmara dos Deputados, a então deputada federal Joice Hasselman e o advogado Roberto Bertholdo.

O First Mile tinha capacidade de monitorar até 10 mil pessoas por ano, sem autorização judicial — bastava digitar um número telefônico no programa e acompanhar a localização em um mapa em tempo real a partir da conexão de rede do aparelho.

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