Um grupo de 25 parlamentares bolsonaristas se reuniu, nesta quarta-feira (24/1), em torno do deputado Carlos Jordy (PL-RJ) para prestar solidariedade ao colega e avaliar medidas a serem adotadas contra o que chama de "abusos" do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal. O motivo foi a ação de busca e apreensão, executada pelos agentes, na residência do parlamentar em Niterói (RJ) e no gabinete dele, em Brasília, na semana passada.
Investigado pela acusação de estimular atos antidemocráticos, Jordy foi alvo da Operação Lesa-Pátria. A decisão foi do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que conduz o caso no tribunal.
Além do apoio de seu grupo político, Jordy foi reconduzido à liderança da oposição, posto que ocupou em todo o ano de 2023, mas do qual sairia gora, no início deste período legislativo de 2024 — seria substituído pelo colega Felipe Barros (PL-PR). Após a ação da PF, o paranaense ofereceu renunciar à indicação e, em protesto contra o episódio, sugeriu que Jordy seguisse à frente, o que foi consumado nessa reunião desta quarta-feira.
Ser o líder da oposição assegura ao deputado algumas prerrogativas, como direito a nomeações de assessores, participação na reunião de líderes e garantia de uso da palavra na condução de votações.
No encontro desta quarta-feira, alguns bolsonaristas criticaram o que estão chamando de "silêncio" do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre o caso. Entendem que ele deveria ter se manifestado, em nota ou nas suas redes sociais, desde o ocorrido, no último dia 18. Jordy tem dito que, assim, Lira estaria protegendo não apenas ele, mas a instituição.
O presidente da Câmara ainda não se manifestou publicamente, mas interlocutores próximos ao deputado dizem que existe a possibilidade de ele ainda emitir uma posição.
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Estratégia
O encontro ocorreu na liderança do PL, na Câmara dos Deputados. Entre os presentes, além de Jordy e vários deputados, compareceram os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado.
Na convocação dessa reunião nos grupos da direita, Jordy explicou a necessidade do encontro. "Tem como objetivo estudar a estratégia para lidarmos com esses abusos — que aumentarão de tamanho — e ações no âmbito do Legislativo para dar uma resposta ao STF", afirmou o bolsonarista.
Numa manifestação após o encontro, Jordy afirmou nunca ter incitado os atos de 8 de janeiro e disse que foi vítima de uma ação "assustadora" da Polícia Federal na sua casa, na busca e apreensão do último dia 18. O parlamentar contou que os agentes bateram na porta do seu quarto gritando.
"Foi assustador. É uma casa de dois andares. Fui acordado às 6h. Os agentes e o delegado pularam a janela, invadiram minha casa. Não foi uma operação padrão, como disse o diretor-geral da Polícia Federal (Andrei Rodrigues)", sustentou Jordy.
No entendimento do aliado de Bolsonaro, a ação contra ele só ocorre em ditaduras. "Somente em ditaduras líderes da oposição são perseguidos. Para incriminar, sei lá, o presidente Bolsonaro. Querem dizimar a oposição. Não sou bandido", completou.
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