A ministra aposentada Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que 8 de janeiro sempre será lembrado como “o dia da infâmia”. Em discurso na Corte na abertura da exposição “Após 8 de janeiro: Reconstrução, memória e democracia”, nesta segunda-feira (8/1), a magistrada classificou os ataques como “uma investida autoritária, espúria, obscurantista e ultrajante” que, segundo ela, foi “insuflada pelo ódio e pela ignorância contra as instituições democráticas".
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À época dos atos criminosos, Weber presidia o tribunal. Ela lembrou sobre os sentimentos que teve ao chegar ao STF e se deparar com a destruição causada pelos criminosos. "Essa data há de se constituir sempre o dia da infâmia, mas a outra face é a resistência da democracia, que restou inabalada”, disse.
"O dia 8 de janeiro se consolida como marca indelével na história da democracia. Tristeza, desconsolo e indignação que senti quando cheguei nesse prédio com Vossa Excelência. Sentimento de tristeza profunda se transformou paulatinamente em satisfação e energia diretamente proporcionais, diante da reação das instituições democráticas", ressaltou a magistrada.
‘Jamais esqueceremos’
O STF abriu, nesta segunda-feira (8/1), a exposição “Após 8 de janeiro: Reconstrução, memória e democracia”, em alusão aos atos golpistas do ano passado, que culminaram na depredação dos prédios dos Três Poderes. Na abertura da mostra, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, disse que o país jamais esquecerá a destruição e a violência que sofreu.
“Tenho muita honra em recebê-los aqui no Supremo Tribunal Federal, um ano após o ataque às sedes dos três Poderes da República brasileira. Registro a presença dos ministros da Casa que puderam comparecer, bem como a presença de todas as autoridades e, com especial alegria, da ministra Rosa Weber, que liderou a reconstrução deste salão e dos outros ambientes do Tribunal, que foram profanados”, disse.
“Jamais esqueceremos! E estamos aqui para manter viva a memória do episódio que remete ao país que não queremos. O país da intolerância, do desrespeito
ao resultado eleitoral, da violência destrutiva contra as instituições. Um Brasil que não parece com o Brasil”, completou Barroso.
O evento foi dividido em três partes. Na primeira, foi colocado um som de registro sonoro do dia de 8 janeiro, quando o prédio foi vandalizado. Em seguida, o presidente da Corte exigiu um breve filme no plenário da Casa, em que foram mostrados os estragos causados pelos criminosos. Na sequência, os presentes foram convidados a conhecer a exposição no Hall dos Bustos do STF.