O 8 de janeiro que durou um ano será lembrado na tarde de hoje no ato "Democracia Inabalada", no Salão Negro do Congresso Nacional, a partir das 15h. O local foi escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo resistiu a uma forte tentativa de desestabilização a apenas uma semana de sua posse.
A cerimônia marca a recuperação e restauração de peças e obras destruídas e vandalizadas por manifestantes que defenderam a intervenção militar no país. Na tarde daquele domingo, centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e ocuparam as sedes dos Três Poderes e promoveram uma destruição do patrimônio público nunca vista antes.
A solenidade irá lembrar que foi preciso um esforço conjunto de todas as instituições atingidas e da repulsa quase generalizada da população para se restabelecer a normalidade democrática.
São esperadas 500 pessoas no ato e aguardados discursos fortes dos protagonistas do evento. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, irá cantar o Hino Nacional. Uma peça semidestruída — a tapeçaria de Burle Marx — e outra subtraída por um dos invasores — a réplica da Constituição — estão de volta e irão compor o cenário no salão.
Além de Lula, estão previstos falas dos presidentes Rodrigo Pacheco (Senado), Arthur Lira (Câmara) e dos ministros Luís Roberto Barroso (presidente do Supremo Tribunal Federal) e Alexandre de Moraes (que preside o Tribunal Superior Eleitoral). As atenções estarão voltadas para Moraes, que revelou em entrevistas nos últimos dias que havia plano até para enforcá-lo em praça pública. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, do PT, irá discursar representando os chefes dos Executivos estaduais.
Entre um 8 de janeiro e outro, o país passou o ano consumindo as consequências daqueles atos. Envolvidos foram presos, parlamentares do Congresso Nacional e da Câmara Legislativa do Distrito Federal criaram Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), bolsonaristas e petistas passaram esses 12 meses trocando acusações referentes ao episódio daquele dia.
"Pontos de memória"
Hoje, antes do ato no Congresso, vai acontecer no prédio do STF a inauguração da exposição Após o 8 de janeiro: reconstrução, memória e democracia, uma alusão à destruição das instalações e objetos da Corte. No tribunal, foram destruídas peças antigas, do período em que a capital do país era o Rio de Janeiro. O STF registrou o maior prejuízo, até agora, entre as sedes de Poderes atingidas. O custo da invasão e da destruição na Suprema Corte já chegou ao montante de R$ 13 milhões. Ao todo, se calcula que, incluindo Congresso e Palácio do Planalto, o prejuízo alcance R$ 24 milhões.
Em todos os locais atingidos serão expostas peças que seguem fragmentadas e esfaceladas. O propósito é acentuar o que ocorreu no país naquele 8 de janeiro. No STF, os objetos vandalizados estão expostos em locais batizados de "pontos de memória".
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