O vandalismo que tomou conta dos Três Poderes há exato um ano resultou em prejuízo artístisco e financeiro. O trabalho de restauração de uma série de objetos danificados nos ataques de 8 de janeiro de 2023 continua, e parte das peças histórico-artísticas ainda não foram reparadas. Segundo o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, a restituição dos patrimônios custou cerca de R$ 20 milhões.
"Esse valor é daquilo que foi possível constatar em termos de custos. Porque houve outros custos, coisas que não têm como fazer uma precisão do valor financeiro. Por exemplo, havia no local vidraças, cadeiras, troca dos carpetes, entre outras coisas", disse ao Correio.
Segundo Grass, o Iphan não tem gestão administrativa e orçamentária sobre os prédios. "Nós apenas fazemos trabalho de preservação, de acompanhamento das intervenções. Então, a gestão orçamentária, ou seja, quanto custou e que foi gasto não é responsabilidade do Iphan de acompanhar, mas, sim, de cada uma das instituições."
Ele ressaltou que, logo depois do 8 de janeiro, o Instituto do Patrimônio Histórico iniciou uma ação de levantamento de danos. "Tanto dos prédios, o que chamamos de bens imóveis; dos bens integrados que são os painéis ou coisas que estão acopladas aos prédios; e também dos bens óbvios que são as obras de arte, as peças, entre outras", explicou.
"Em março, nós realizamos um primeiro relatório que serviu para o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso atuarem na recuperação dos danos. Depois, produzimos o segundo relatório, que também foi importante para que eles pudessem dar continuidade. Já o terceiro relatório foi o que mandamos para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), já que o conjunto da praça é um patrimônio mundial", afirmou, referindo-se aos edifícios-sede dos Três Poderes.
Próximas restaurações
Segundo o presidente do Iphan, ainda há peças que vão ser restauradas. "Por exemplo, há uma peça que vamos começar a reconstruir agora, que é a tela do Di Cavalcanti. Há uma ação conjunta do Iphan com a Presidência da República e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), para a realização de restaurações dos patrimônios danificados", explicou. A obra citada por ele, As Mulatas (datada de 1962), que recebeu ao menos seis perfurações dos vândalos, ficava numa parede do terceiro andar do Palácio do Planalto.
"Com essa parceria, analisamos que algumas peças não foram possíveis de ser restauradas, porque se destruíram muitos pedaços. E ainda há coisas que estão sendo recuperadas nesse processo nesse momento", completou Grass.