Instalada em 18 de janeiro de 2023, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Antidemocráticos investigou os envolvidos nos atentados de 8 de janeiro, nas sedes dos Três Poderes, em Brasília. Finalizada em novembro de 2023, a CPMI indiciou 135 pessoas pela prática dos crimes. Todos os documentos, incluindo o relatório final, foram analisados pelo Correio para listar quais foram os nomes mais citados, com a ajuda da plataforma Google Pinpoint.
Confira aqui a coleção completa de documentos
Tirando os senadores relatores e deputados que compuseram a comissão, a pessoa mais citada nos documentos - 41 vezes oao todo - foi o tenente-coronel do Exército Mauro Cid. Ele foi apontado como um dos principais apoiadores da intenção de golpe. No relatório final, está na lista de pessoas indiciadas — com abertura de um inquérito criminal.
- "Risco de atentar contra democracia sempre existe", diz Eliziane Gama
- CPI dos Atos Antidemocráticos indicia 135 envolvidos e livra general G. Dias
O segundo mais citado foi o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, pessoa de interesse nas investigações. O nome do ex-presidente é citado 40 vezes nos documentos da Comissão, mas a CPMI concluiu que não foi possível encontrar evidências sólidas ou informações concretas que possam incriminar Bolsonaro, apesar de o documento que reúne as conclusões da investigação pedir o indiciamento do ex-presidente por quatro possíveis crimes previstos no Código Penal: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
O terceiro lugar, não muito atrás, ficou o nome do deputado federal Eduardo Bolsonaro, citado 39 vezes. Durante o andamento da comissão, ele apresentou diversos requerimentos. Ele também não foi indiciado.
O quarto lugar ficou com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, com o total de 33 vezes. Citado principalmente pelos dados apurados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os ataques do dia 8 de janeiro.
Outros nomes de interesse
Outro nome que aparece bastante é o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por 22 vezes ele é citado nos documentos da CPMI, principalmente quando era mencionado pelos parlamentares e depoentes sobre a vitória nas eleições de 2022 e a posse.
Walter Delgatti Neto, conhecido como o hacker da "Vaza-Jato", em 2019, quando invadiu dispositivos eletrônicos e vazou mensagens atribuídas ao então ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, também foi citado 21 vezes. Principalmente devido ao depoimento em que afirmou que a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi solicitada por Jair Bolsonaro e pela deputada Carla Zambelli.
Por fim, na lista dos mais citados aparece o nome de Marília Ferreira Alencar, ex-secretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública - 20 citações. Entre as menções, estão a convocação para depor na CPMI e as notas taquigráficas da oitiva. No primeiro depoimento, Marília negou haver falhas de inteligência para prever os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro.
Confira os 20 nomes mais citados (incluindo os relatores e deputados):
- Eliziane Gama (Senadora e relatora da CPMI)
- Duda Salabert (Deputada Federal e titular da CPMI)
- Filipe Barros (Deputado Federal e titular da CPMI)
- Eduardo Girão (Senador e relator da CPMI)
- Rogério Correia (Deputado Federal e titular da CPMI)
- Alexandre Ramagem (Deputado Federal e titular da CPMI)
- Magno Malta (Senador e relator da CPMI)
- Fabiano Contarato (Senador e relator da CPMI)
- Izalci Lucas (Senador e relator da CPMI)
- Jandira Feghali (Deputada Federal e titular da CPMI)
- Marco Feliciano (Deputado Federal e suplente da CPMI)
- Nikolas Ferreira (Deputado Federal e suplente da CPMI)
- Mauro Cid (Tenente-coronel do Exército Brasileiro)
- Rafael Brito (Deputado Federal e titular da CPMI)
- Jair Bolsonaro (Ex-presidente da República)
- Rubens Pereira Júnior (Deputado Federal e titular da CPMI)
- Eduardo Bolsonaro (Deputado Federal)
- Randolfe Rodrigues (Senador e relator da CPMI)
- Damares Alves (Senadora e relatora da CPMI)
- Flávio Bolsonaro (Senador e relator da CPMI)
A produção desta matéria usou recursos da ferramenta Pinpoint, do Google. Confira a coleção de arquivos analisados.
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer