Relatora da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investigou os atos golpistas do 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) disse ao Correio que tudo o que ocorreu não passa fácil. "O corte foi profundo, a cicatrização é lenta", enfatizou. Na relatoria do colegiado, a parlamentar foi alvo dos mais duros ataques da oposição — de ofensas ao desrespeito, da misoginia ao preconceito. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Quase um ano depois do 8 de janeiro, como a senhora avalia tudo o que ocorreu após aqueles atos antidemocráticos?
A sociedade brasileira condenou veementemente os ataques contra as sedes dos Poderes da República, atos esses que causaram repugnância, perplexidade e foram além: nos colocaram em situação de vigilância constante para a defesa da democracia. O corte foi profundo, a cicatrização é lenta, mas o remédio que as instituições (Executivo, Legislativo e Judiciário) usaram tem causado boas reações.
O que pode dizer a respeito do trabalho da CPMI?
A CPMI do 8 de janeiro, em seu relatório final, deu respostas contundentes para o episódio. O documento, com suas 1.331 páginas, é fruto de uma investigação robusta, além de ter sido construído a partir de uma série de documentos oficiais e depoimentos. Como resultado, propusemos o indiciamento do ex-presidente da República e de outras 60 pessoas, além do pedido de aprofundamento das investigações contra diversos outros alvos.
Considera que a democracia ainda corre riscos?
O risco de atentar contra o Estado Democrático de Direito sempre existe, mas o rigor na apuração dos fatos e a consequente punição dos responsáveis podem contribuir significativamente para inibir atos de tais proporções.
As instituições terem agido rápido foi importante?
O 8 de janeiro de 2023 foi o capítulo mais triste da história brasileira após a promulgação da atual Constituição. Mas foi buscando instrumentos contidos na Carta Maior, e jamais fora dela, que as instituições brasileiras reagiram conjuntamente. Mostraram ao mundo que, apesar dos graves danos aos prédios públicos e a seus acervos, a democracia continua de pé.
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