O ex-presidente Jair Bolsonaro classificou como "perseguição" a operação desta segunda-feira da Polícia Federal contra o filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Ele afirmou desconhecer que os filhos tenham feito qualquer pedido de informações privilegiadas para o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.
"Jamais, no meu entender, um filho meu faria uma solicitação dessa, e, se porventura fizesse, pode ter certeza que seria prontamente rechaçado pelo delegado Ramagem. Investiguem, vão a fundo", disse, em entrevista à CNN.
Bolsonaro destacou que a ação trata-se de uma perseguição por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sustentou que nada será encontrado. "Eles querem me associar a essa 'Abin paralela', mas não vão encontrar nada. É uma pesca em piscina. Não vão tirar um peixe. Estou sendo perseguido pelo governo do Lula", enfatizou.
Ele afirmou que soube da operação da PF apenas por volta das 9h30, porque, desde as 6h, estava na praia da Joaquina, na região de Angra dos Reis (RJ), e não tinha sinal de celular. "Sempre saio bem cedo para pescar. A pergunta que fica é: por que a PF chegou por volta das 7h30? Por que não chegaram às 6h, como fazem?", questionou.
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Em outra entrevista, à Jovem Pan, Bolsonaro acusou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de "perseguição implacável". Disse que nunca contou com a "inteligência da Abin" para tomar decisões políticas, isso porque os relatórios enviados pela agência "não condiziam com a verdade" e tinham "um viés político bastante forte".
"Nunca existiu Abin paralela para proteger quem quer que seja. É uma perseguição implacável que, no meu entender, o objetivo é esculachar. Eu não tenho nada a ver com essa questão da busca e apreensão", frisou.
O ex-chefe do Executivo sugeriu haver uma incoerência na operação da PF, já que o mandado de busca estava em nome de Carlos Bolsonaro, mas foram apreendidos aparelhos eletrônicos na casa dele em Angra dos Reis. "Eles esperavam, certamente, pegar todos os filhos juntos e fazer um grande evento para a imprensa", acusou.
"Não quero culpar a Polícia Federal. É uma perseguição implacável por parte do ministro Alexandre de Moraes, é inacreditável o que esse homem faz", disse. "Eu nunca precisei de nada para chantagear, intimidar quem quer que seja. Eu fui perseguido durante quatro anos. Não tenho com o que me preocupar, não devo nada a ninguém. (...) O que eles estão temendo? A minha altíssima popularidade?".
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa
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