A saída considerada iminente de Luiz Fernando Corrêa e Alessandro Moretti da cúpula da Agência Brasileira de Inteligência se somará à razoável lista de polêmicas que envolvem o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa — a Abin está subordinada à pasta que comanda. Desde o ano passado, ele vem colhendo desgastes, que envolveram o governo do Distrito Federal, a articulação política com o Congresso e a colocação da mulher com conselheira do Tribunal de Contas da Bahia — estado que governou.
Em 5 de junho de 2023, Costa classificou Brasília como uma "ilha da fantasia". À época, se discutia a possibilidade de deixar o Fundo Constitucional do DF dentro do limite de gastos previsto no Arcabouço Fiscal que deixa o FCDF fora do limite de gastos. O ministro foi criticado por parlamentares da base do governo e gerou incômodo no Palácio do Planalto.
A aliados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demostrou irritação e alertou que os ministros não podem dar declarações. Costa, porém, se retratou.
O ministro é motivo de críticas dos congressistas desde que assumiu o cargo pelo jeito ríspido e a pouca disposição em receber deputados e senadores no Palácio do Planalto. E mais: nas reuniões ministeriais, interrompia os colegas de forma abrupta. Há relatos de que melhorou nesse quesito.
Mas Costa não conseguiu explicar a eleição da mulher, Aline Peixoto, para o posto de conselheira do TCE-BA. O nome dela foi aprovado na Assembleia Legislativa do estado com 40 votos, oito a mais que o necessário para fazer parte da Corte de contas.
Desde março do ano passado, por um decreto de Lula, a Abin tornou-se um braço da Casa Civil, que, antes, ficava subordinada ao desgastado Gabinete de Segurança Institucional. A mudança no organograma se deveu à perda de confiança do presidente no GSI, depois da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 — a ideia era "desbolsonarizar" a Abin sob o comando de Costa, que endossou a entrada de Corrêa para dirigi-la.
O nome do delegado federal aposentado demorou para ser levado à sabatina pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL). O parlamentar questionou Corrêa sobre a presença de bolsonaristas em postos-chave na Abin, mas escutou que eram da confiança do ex-diretor-geral da PF.
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