Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ) admitiu que o sistema de inteligência First Mile pode ter sido usado de maneira ilegal dentro do órgão, mas negou participação.
"Nunca teve ordem minha ou pedido para utilização indevida desse sistema, formal ou informalmente. Está sendo feita a verificação se foi usado corretamente. Se uma instituição compra armamento e se lá na ponta alguém fez mau uso, a culpa não é do diretor", sustentou Ramagem, em entrevista à CNN.
O parlamentar também refutou as acusações da Polícia Federal de existência de uma "Abin paralela" e de que protegeu filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na peça, são citados o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que teria sido beneficiado por relatórios da Abin para subsidiar sua defesa no caso das rachadinhas; e Jair Renan, que era investigado por tráfico de influência.
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Sobre os celulares e notebooks que pertenciam à Abin e foram apreendidos pela PF na ação desta quinta-feira (25/1), Ramagem argumentou que se tratavam de equipamentos velhos, antigos e que não os usava havia mais de três anos. "Nem sabia que eram da Abin", frisou.
A operação da PF provocou reações no mundo político. Bolsonaro não fez uma manifestação direta, mas saiu em defesa de seu ex-colaborador postando dois vídeos antigos de declarações de Ramagem negando irregularidades. Num deles, o ex-diretor da Abin diz que foi só ele aparecer como possível candidato a prefeito do Rio de Janeiro que começaram os ataques.
O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), saiu em defesa do colega e disse que a operação da PF é uma perseguição contra a oposição e um episódio que humilha o Congresso.
"Conheço o Ramagem como um íntegro. Suspeito do teor dessa operação. Em ano eleitoral, é absurdo ver um importante candidato à Prefeitura do Rio sendo alvo de busca e apreensão", postou Côrtes.
Solidariedade
Na véspera da operação, Ramagem foi prestar apoio a outro colega, também atingido por uma ação dos agentes federais há uma semana. Ele esteve em ato no Salão Verde da Câmara dos Deputados em solidariedade a Carlos Jordy (PL-RJ). Agentes da PF fizeram busca e apreensão na residência e no gabinete do parlamentar, acusado de estimular atos antidemocráticos.
Ramagem teve uma passagem discreta pela Câmara. Na reunião fechada dos bolsonaristas, ficou sentado num canto, não na mesa central. E foi um dos poucos a não usar a palavra. Depois, durante o ato, que teve uma manifestação de Jordy, ficou no fundo, ao lado de Zé Trovão (PL-SC). Saiu logo em seguida.
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