ataques golpistas

Com novos desdobramentos, PF chega ao núcleo político dos ataques

Polícia cumpriu mandados de busca e apreensão contra o deputado federal Carlos Jordy, líder da oposição no Congresso. Investigadores passam a mirar parlamentares, ex-ministros e integrantes do governo anterior por suposto envolvimento nos atos golpistas

O deputado federal Carlos Jordy (PF) fala a jornalistas na sede da Polícia  Federal, no Rio de Janeiro, onde prestou depoimento -  (crédito:  Paulo Carneiro/Ato Press/Estadão Conteúdo)
O deputado federal Carlos Jordy (PF) fala a jornalistas na sede da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, onde prestou depoimento - (crédito: Paulo Carneiro/Ato Press/Estadão Conteúdo)

Após identificar os executores dos atos golpistas de 8 de janeiro, decifrar quem são e como autuaram os financiadores e incentivadores dos ataques, a Polícia Federal se debruça sobre o núcleo político dos atentados. Na mira, estão parlamentares, ex-ministros e integrantes da gestão anterior do Poder Executivo que mantiveram diálogo e conexões com os demais participantes das ações que levaram à invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Ontem, a corporação saiu às ruas para cumprir mandados de busca e apreensão contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição no Congresso.

Os agentes estiveram em endereços do parlamentar. Em Brasília, foram cumpridos dois mandados de busca contra ele: um no gabinete, na Câmara dos Deputados, e outro na residência do parlamentar. No imóvel, os agentes apreenderam o celular do congressista, um computador, além de uma arma que estava em posse dele e R$ 1 mil em espécie.

As diligências foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da polícia, e fazem parte da 4ª fase da Operação Lesa-Pátria, que investiga os atos golpistas.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), mensagens obtidas pela PF apontam "forte ligação" de Jordy com Carlos Victor de Carvalho — identificado como um dos líderes dos atentados.

Carlos Victor morava em Campos dos Goytacazes (RJ), era vereador suplente da Câmara Municipal da cidade e servidor da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Em um documento de 21 páginas enviado ao STF, a PGR aponta que Jordy trocou mais de 600 mensagens, fotos, vídeos e outras mídias com Carlos Victor. As conversas ocorreram principalmente entre agosto e outubro de 2022, período eleitoral.

Agentes esperam que o material a ser colhido no celular leve a provas sobre a participação de outros parlamentares nos ataques.

Atualmente, três deputados são investigados no inquérito: André Fernandes (PL-CE), Clarissa Tércio (PP-PE) e Silvia Waiãpi (PL-AP). Eles são alvo por postagens que podem ter incentivado os atos de depredação no dia em que houve as invasões.

Orientações

Segundo as apurações, após o ex-presidente Jair Bolsonaro perder as eleições, Carlos Victor pediu orientações e autorização a Jordy para deflagrar atos contra o resultado do pleito. O extremista liderava ao menos 15 grupos de redes sociais com objetivos antidemocráticos — de acordo com as acusações.

Em uma das mensagens, Carlos Victor pede orientações ao parlamentar. "Bom-dia, meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo", declarou. Jordy pergunta se o acusado poderia atender uma ligação.

A PF diz que o extremista participou dos atentados em Brasília e, mesmo foragido, manteve contato com o deputado.

"No curso da investigação, quando da análise das mídias, de dados obtidos nas contas de e-mail ou em fontes abertas, foi possível colher indícios de que Carlos Victor de Carvalho possui fortes ligações com o deputado federal Carlos Jordy, que transpassam o vínculo político, vindo denotar-se que o parlamentar, além de orientar, tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região", sustenta a PF.

 

 


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postado em 19/01/2024 04:00
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