O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, ontem, os governos do Rio de Janeiro por não terem feito obras de infraestrutura para ajudar no escoamento das fortes chuvas. No fim de semana passado, uma tempestade inundou vários bairros da capital e municípios da Baixada Fluminense, que entraram em estado de emergência. Além disso, 12 pessoas morreram e aproximadamente 600 ficaram desalojadas.
"Quando acontece uma enchente qualquer, o primeiro atendimento sempre é do governo federal. Mas, ao analisar o que aconteceu no Rio de Janeiro, percebemos que desde 2013 tem várias obras contratadas para cuidar de morros e córregos e que não foram utilizadas", disse Lula na Bahia, onde esteve para a assinatura de um acordo que formaliza a criação do Parque Tecnológico Aeroespecial.
De acordo com o presidente, foi utilizado R$ 1 bilhão de um investimento de R$ 1,6 bilhão no estado e nenhuma obra foi concluída. "Muitas obras estão feitas 15%, 20%", lamentou.
El Niño
Na terça-feira, o governador Cláudio Castro — que voltou às pressas dos Estados Unidos depois de ser criticado que enquanto se divertia com a família, o Rio de Janeiro sofria com várias inundações — culpou o fenômeno climático El Niño pelos estragos. "Com essa nova realidade, com o El Niño, infelizmente esse é o nosso novo normal. E por isso, o estado e as cidades têm de ser cada dia mais resilientes", disse, sem sequer citar a ausência de obras de infraestrutura contra as cheias.
De forma genérica, Castro reconheceu que há muito por ser feito para que a cidade e os municípios da Baixada Fluminense consigam enfrentar as fortes chuvas sem que a população seja prejudicada com a perda de vidas e bens. "Temos o compromisso de continuar nosso trabalho para que, ao fim dessa gestão, a gente possa entregar um trabalho de resiliência, prevenção e apoio às chuvas melhor do que aquele que a gente pegou", afirmou.
No mesmo dia, Lula fez contatos com os prefeitos do Rio, Eduardo Paes, e de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho — marido da ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro —, sobre a crise em função dos temporais e alagamentos.
Já o vice-governador Thiago Pampolha foi em uma linha semelhante à de Lula. Em entrevista à CNN Brasil, na segunda-feira, admitiu que o governo estadual tem "cota de responsabilidade", mas disse que é necessário um esforço coletivo entre prefeituras e o governo federal. "É preciso investir mais, planejar melhor e ter integração", pontuou, apesar de dizer que os municípios foram surpreendidos por uma chuva "muito impactante" e acima da esperada.
A Caixa anunciou pagamento antecipado do Bolsa Família, que começou a ser feito ontem nos municípios afetados pelas enchentes. As agências abrirão, hoje, uma hora mais cedo para retirada do benefício.
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