Um efetivo de dois mil policiais militares e 250 agentes da Força Nacional vai ser destacado para garantir a segurança de Brasília durante a solenidade de segunda-feira, no Congresso Nacional, para marcar um ano dos ataques golpistas.
Como o Senado será o local que receberá a solenidade — batizada de Democracia Inabalada —, o Parlamento será o foco de prioridade da segurança.
A Praça dos Três Poderes ficará cercada por grades de domingo até terça-feira e estão proibidos acampamentos nas áreas públicas da Esplanada e dos Eixos Monumental e Rodoviário por toda a extensão.
A Esplanada dos Ministérios será fechada parcialmente na via N1, da L4 até a Avenida das Bandeiras. No entanto, a logística poderá ser reavaliada segundo as circunstâncias do dia e do evento. Haverá também o videomonitoramento, com as imagens transmitidas em tempo real para o Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob).
Caso haja manifestações no dia da cerimônia, os participantes não poderão portar instrumentos capazes de provocar lesões corporais e danos ao patrimônio, como mastros de bandeiras em material de cano PVC, material metálico, madeiras ou assemelhados, garrafas e utensílios de vidro, facas, canivetes e objetos pontiagudos.
O plano operacional foi divulgado nesta quinta-feira. O ministro da Justiça em exercício, Ricardo Cappelli, assinou, com a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), o Protocolo de Ações Integradas (PAI) que visa garantir a segurança da capital federal.
As ações previstas no documento envolvem a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Força Nacional, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF).
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Cappelli reforçou, durante o evento no Palácio do Buriti, que "não há hipótese de se repetir no dia 8 de janeiro de 2024 o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023". O ministro interino afirmou que manifestações poderão acontecer sem nenhum problema, desde que defendam a democracia.
"Aquilo foi inaceitável. O Brasil é um país livre e democrático. (...) Aqui, todo mundo vota em quem quiser. Todo mundo manifesta sua preferência política e ideológica livremente, e é ótimo que seja assim. Mas não se confunde manifestação democrática com tentativa de golpe de Estado, com ataque aos Poderes, com depredação do patrimônio público histórico material e imaterial do Brasil", declarou.
Celina Leão, que ocupa o governo do DF enquanto o titular, Ibaneis Rocha (MDB), está de férias nos Estados Unidos, ressaltou que estão sendo monitoradas "100% das ações do dia 8 de janeiro para que, independentemente de ideologia política, prevaleça a mensagem democrática". "E democracia não se faz à força", frisou.
"Houve uma falha"
Em entrevista ao CB Poder, Celina comentou que cabe ao GDF a segurança da região central da capital e que, no dia do quebra-quebra, em 2023, "houve uma falha". "As pessoas estão sendo processadas e foram punidas. Nosso governo tem essa missão, e nós não iremos falhar", garantiu. "Estamos 100% mobilizados e integrados com outras forças de segurança, dialogando e discutindo. Estamos de portas abertas para quem tiver informações privilegiadas, além de trazer compartilhamento de responsabilidades."
A governadora em exercício atenuou o envolvimento de parte dos manifestantes. "Devemos entender o significado do dia 8. Tenho certeza de que 90% das pessoas que estavam ali não queriam depredar o patrimônio", defendeu.
O tom da cerimônia no Buriti, assim como do ato de um ano das depredações de 8 de janeiro, vem carregado de um clima união. "É um momento de coesão e discussão para construir uma situação em que a gente consiga produzir resultados de forma integral pelo país e pelo Distrito Federal. O 8 de janeiro não vai se repetir", destacou o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar.
A mensagem foi reforçada por Cappelli. O ministro da Justiça em exercício negou ter conhecimento de "boicote" de governadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à cerimônia no Congresso. "O dia 8 não é um ato de um governo ou de outro governo, de um partido ou de outro. É um ato da democracia brasileira", argumentou.
Para Cappelli, o evento vai "celebrar a democracia revigorada". "Não me lembro de outro ato convocado pelos chefes dos Três Poderes. É um ato pela Constituição, pela democracia, não é um ato de governo A, B ou C", completou o secretário-executivo do Ministério da Justiça, que chegou a desempenhar a função de interventor federal no DF por 23 dias de janeiro em decorrência dos atos golpistas.
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