O ministro da Justiça e Segurança Pública em exercício, Ricardo Cappelli, afirmou que o grande desafio da pasta é desmonetizar as organizações criminosas que atuam no Brasil. “O grande problema é que essas organizações criminosas que tinham o patamar de alguns milhões, algumas delas chegaram ao patamar de bilhões. São organizações nacionais, algumas transnacionais, com poderio bélico e financeiro muito elevado. E esse poderio financeiro elevado faz com que elas tenham um poder de cooptação muito grande sob agentes dos estados", disse em entrevista às jornalistas Ana Maria Campos e Samanta Sallum, no programa CB.Poder desta quarta-feira (27/12) — parceria entre o Correio e a TV Brasília.
Cappelli citou ainda que o Ministério da Justiça tem atuado com o Banco Central e com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para que haja uma postura mais ativa no que diz respeito aos relatórios de inteligência financeira.
“Estamos montando um grupo com a Polícia Federal e com o Coaf para passarmos a ter uma postura mais ativa no que diz respeito aos relatórios de inteligência financeira. Quando a gente fala de organizações que movimentam bilhões, esses bilhões não estão em malas, eles estão por dentro de empresas de fachada, contas fantasma. Para se ter uma ideia, este ano a gente apreendeu, só de uma organização criminosa, 268 apartamentos. Torre inteira de apartamento de luxo em Balneário Camboriú, uma imobiliária laranja de fachada utilizada pelo crime organizado”, detalhou.
Prisão de Zinho
Capelli afirmou que a prisão de Zinho, Luís Antônio da Silva Braga, que estava foragido desde 2018 e tem ao menos 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça, não desmonta a organização criminosa.
“Foi um trabalho de aproximações sucessivas da polícia federal e que continua. A prisão de um líder não desmonta a organização. É um fato muito importante que tem de ser celebrado, porque ele leva algum nível de desarticulação. Mas o trabalho da Polícia Federal segue, porque quando você extrai o líder, você precisa continuar para desmontar as conexões da organização criminosa e a espinha dorsal da movimentação financeira.”
Cappelli elogiou o trabalho da Polícia Federal, mas explicou que é necessário desmontar o coração da organização criminosa enfrentando eventuais braços políticos e financeiros. “Você tem que ir ao coração da organização criminosa. Foi, claro, um trabalho muito bem-feito pela Polícia Federal, sem dar nenhum tiro, precisa ser comemorado. Mas o trabalho segue."
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
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