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Lula faz apelo contra o ódio e fala em 'governo de verdade'

Ao fazer um balanço do primeiro ano de governo, o presidente exalta a retomada de programas sociais e a recuperação econômica. Disse esperar que o país supere a polarização, mas deixa implícito como o Brasil acumulava retrocessos

No pronunciamento que dirigiu à nação na noite de Natal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o ódio à democracia, concretizado pelos atos de 8 de janeiro, deixaram "cicatrizes profundas" na sociedade. Ele disse esperar que a nação consiga superar a polarização que se mantém há anos no país. "Meu desejo neste fim de ano é que o Brasil abrace o Brasil", mencionou.

Durante a gravação, o presidente listou ainda as principais realizações de seu governo. Destacou a retomada de programas sociais, como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Mais Médicos e Farmácia Popular. Mencionou ainda a ampliação de investimentos em saúde e educação, além da política de enfrentamento ao crime organizado e ao desarmamento da população.

Apesar de defender a pacificação no país, o presidente fez uma crítica indireta ao governo de Jair Bolsonaro, ao mencionar avanços em diversas áreas. "Meus amigos e minhas amigas, o Brasil voltou a ter um governo de verdade", disse, a certa altura.

Ao detalhar a ideia de que o "Brasil voltou", Lula mencionou a retomada de uma política ambientalista, ante a emergência climática cada vez mais grave, e o retorno do país a um lugar de destaque nos principais debates internacionais.

"Recuperamos o diálogo com o mundo e a nossa credibilidade internacional. Passamos da 12ª para a 9ª maior economia do planeta. O país voltou a ser ouvido nos mais importantes fóruns internacionais, em temas como o combate à fome, à desigualdade, a busca pela paz e o enfrentamento da emergência climática", comparou Lula.

Lula também deu destaque para a relação com o Congresso Nacional. Mencionou a aprovação da reforma tributária no Congresso Nacional, que foi promulgada na última quarta-feira. "Conseguimos um feito histórico: a aprovação da Reforma Tributária, algo que se tentava há 40 anos no Brasil", comentou o presidente. "Além de estimular os investimentos e as exportações, a reforma corrige uma injustiça: agora, quem ganha mais pagará mais imposto, e quem ganha menos pagará menos", acrescentou.

Nas medidas econômicas, o chefe do executivo também ressaltou a importância do Desenrola Brasil, que permitiu a renegociação de R$ 29 bilhões em dívidas, de acordo com os resultados divulgados no início deste mês.

Tom incisivo

O discurso de Natal deste ano é o mais incisivo em mostrar as entregas feitas no ano, quando comparado aos dos mandatos anteriores. Em tom de conselho, em 2008, o presidente disse aos brasileiros para que consumissem com responsabilidade, sem deixar de incentivar a cadeia de vendas que gira a economia. À época, o mundo vivia crise financeira que ficou conhecida como "grande recessão". Lula, então, afirmava "não ter medo da crise".

Já em 2009, ele agradeceu a colaboração da população e afirmou que o país foi o último a entrar em crise e seria o primeiro a sair. No ano seguinte, em 2010, o presidente afirmou que o Brasil era uma das "economias mais sólidas e um dos mercados internos mais vigorosos do mundo". Os investimentos em petróleo, pré-sal e hidrelétricas foram os destaques daquele ano.

Em todas as falas natalinas do presidente, a mensagem de união familiar e confraternização foi reforçada, bem como neste ano. Porém, desta vez, o recado teve teor político, após os ataques aos prédios dos três Poderes no 8 de janeiro. "O ódio de alguns contra a democracia deixou cicatrizes profundas e dividiu o país. Desuniu famílias. Colocou em risco a democracia. Felizmente, a tentativa de golpe causou efeito contrário", disse.

Para o próximo ano, Lula demonstrou otimismo. Acredita que o país vai "superar, mais uma vez, todas as expectativas".

O presidente viaja hoje para a Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro, onde passará alguns dias de descanso. A ilha é administrada pelas Forças Armadas e já foi destino de outros chefes do executivo como Jair Bolsonaro, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso. A previsão é de retornar a Brasília em 3 de janeiro.

 

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