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Lula ironiza: um comunista chega ao STF

Em evento de militantes de esquerda jovens, presidente faz troça com a acusação dos bolsonaristas de que Dino não poderia ser escolhido para o Supremo pelas ligações que tem com o PCdoB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou, ontem, que conseguiu "colocar na Suprema Corte um ministro comunista", referindo-se à aprovação pelo Senado do ministro da Justiça, Flávio Dino, para ocupar a 11ª cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF). A zombaria foi feita na 4ª Conferência Nacional da Juventude, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que reuniu militantes de movimentos jovens de esquerda.

"Vocês não sabem como estou feliz. Pela primeira vez na História deste país, conseguimos colocar na Suprema Corte um ministro comunista. Um companheiro da qualidade do Flávio Dino", brincou o presidente.

Dino integrou o PCdoB por 15 anos, antes de trocá-lo pelo PSB, em 2022. Depois do evento, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, atribuiu a fala à identificação com a plateia, já que Dino iniciou jovem a vida política.

Lula também sinalizou que pode criar novos ministérios. "É preciso parar de acreditar quando a imprensa diz que 'tem muito ministro'. Tem pouco ministro, porque é preciso de mais ministros para cuidar de mais assuntos neste país", disse Lula.

Horas antes, Dino afirmou que deverá ser empossado no STF em 22 de fevereiro. "Haverá o recesso no Judiciário e tenho que fazer um processo de transição relativo ao Ministério da Justiça, que depende, evidentemente, das orientações e determinações do presidente da República. Creio que haverá um período de duas ou três semanas. [É necessário um] reconhecimento de estrutura física, detalhe processual e administrativo. Isso precisa também de uma transição", observou, à saída do STF, depois de encontro com o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso.

Na quarta-feira, minutos depois de ter o nome aprovado para STF pelo Plenário do Senado por 47 x 31 e duas abstenções, Dino se reuniu com a equipe do Ministério da Justiça. Em um vídeo que circulou pelas redes sociais, se disse feliz pelo resultado obtido e brincou com os subordinados sobre deixar a "roupa dos Vingadores".

"É uma mudança muito profunda, como vocês viram. Botar a roupa dos Vingadores no armário é difícil, né? (risos) Mas ela está lá, né? Qualquer hora dessas, quem sabe?", disse, brincando.

A "roupa dos Vingadores" é uma referência ao embate que teve com o senador Marcos do Val (Podemos-ES), em audiência no Senado, em maio. "Se o senhor é da SWAT, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece? Capitão América, Homem-Aranha?", caçoou.

 

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