Flávio Dino, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou na sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta quarta-feira (13/12), que o combate ao crime organizado deve passar pela descapitalização dos grupos e dos canais de lavagem de dinheiro.
Questionado pelo senador Sergio Moro (União-PR) se pretende adotar uma postura mais firme, “respeitada a questão dos direitos”, na resposta à criminalidade, Dino afirmou que concorda que este é um tema fundamental para ação dos Três Poderes.
“Nós [Ministério da Justiça e Segurança Pública] lançamos, inclusive, um programa específico que tem resultado em muitas ações, sobretudo as voltadas para a chamada descapitalização do crime organizado. Nós vamos, creio eu, chegar a R$ 6 bilhões retirados das facções criminosas, somente no que diz respeito ao tráfico de drogas. Aqui me refiro a drogas apreendidas, armas, bens, apartamentos, veículos de luxo”, pontuou o indicado ao Supremo.
- Ministros reassumem mandato no Senado para votar em Flávio Dino
- Dino rebate crítica às urnas: "Fomos eleitos por ela, inclusive o senhor"
- ‘Não vim fazer debate político’, diz Dino antes de sabatina na CCJ
“E é um resultado, ao meu ver, muito importante, porque coloca o Brasil alinhado às melhores práticas internacionais, no sentido de que só é possível vencer as organizações criminosas descapitalizando-as e combatendo os canais de lavagem de dinheiro”, continuou.
Moro criticou Lula por não ter indicado uma mulher ao Supremo e disse, ainda, que, entre os nomes ventilados, nenhum era feminino. “Se surgisse uma vaga não seria indicada uma mulher”, disse o senador.
O senador perguntou sobre o quantitativo de assassinatos, que, segundo Moro, somou 40 mil casos no este ano. “Ainda não é possível cravar o número porque ainda estamos no meio de dezembro, mas já é possível prospectar que nós vamos ter redução de crimes violentos letais intencionais em 2023, em relação a 2022”, respondeu Dino.
“Isso é mérito de todo o sistema único de segurança pública, abrangendo os três entes federativos, sobretudo os profissionais da segurança pública brasileira, também do Ministério Público e do sistema de Justiça”, elogiou Dino.
O parlamentar perguntou, ainda, se Dino pretendia manter seu perfil nas redes sociais, caso fosse aprovado para assumir a vaga no STF. “Evidentemente que muda [a relação com as redes sociais], porque, como mencionei, bem sei dos sacrifícios que farei em relação à minha vida política.”
Dino confessou que gosta da vida política, “de fazer carreata, comício, caminhada, preferencialmente no sol”. “Gosto muito da atividade política, não considero como algo penoso, pelo contrário. E por isso respeito muito a política, a vivo muito intensamente há 17 anos”.
“Mas sei que, em merecendo a aprovação aqui na CCJ e no Plenário, é claro que eu deixo a vida política em todas as dimensões, inclusive nas redes sociais. Evidentemente, não opinarei politicamente sobre temas políticos, porque isso é absolutamente incompatível. Pretendo, quem sabe, manter as redes sociais”, observou o ainda ministro da Justica.
“A princípio, acho que temas jurídicos são bem-vindos e também eu preciso de um lugar para falar do Botafogo e do Sampaio Correia. No caso do Botafogo, eu preciso dizer em algum lugar que um time que lidera o Campeonato Brasileiro com 20 pontos não tem direito de ficar em quinto lugar”, brincou.
Um crítico constante do governo Lula, o ex-juiz do Paraná manteve seus questionamentos simpáticos a Dino, fazendo inclusive piadas com o Botafogo.