O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta quarta-feira (13/12) durante reunião do G20 no Palácio do Itamaraty. Em sua fala, o mandatário voltou a destacar as prioridades da gestão brasileira à frente do grupo que representa as 20 maiores economias do mundo, defendendo o combate à fome e à pobreza, o desenvolvimento sustentável e a reforma das instituições internacionais.
Lula criticou o aumento dos conflitos entre os países, frisando que o Brasil vai continuar trabalhando em prol de um cessar-fogo permanente na guerra entre Israel e o grupo fundamentalista Hamas, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, na Palestina, e a libertação imediata dos reféns capturados pelo Hamas.
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"Não nos convém um mundo marcado pelo recrudescimento dos conflitos, pela crescente fragmentação, pela formação de blocos protecionistas e pela destruição ambiental. Suas consequências seriam imprevisíveis para a estabilidade geopolítica", enfatizou o presidente Lula. Ele não citou o conflito territorial entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo, que pode desembocar em uma ofensiva venezuelana perto da fronteira com o Brasil.
O encontro do G20 reúne os chamados Sherpas, representantes pessoais dos chefes de Estado do bloco, e os vice-ministros das Finanças e vice-presidentes dos Bancos Centrais, que formam a Trilha das Finanças. A agenda do grupo em Brasília teve início na segunda-feira (11), em uma série de reuniões preparatórias. É a primeira vez que as duas trilhas do G20 se reúnem durante a presidência brasileira, que começou em 1º de dezembro.
Reforma da governança global
Lula definiu três eixos principais para sua gestão do bloco: inclusão social e o combate à fome e à pobreza; promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões social, econômica e ambiental e as transições energéticas; e a reforma das instituições de governança global. Ele é crítico, por exemplo, da estrutura atual do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), e pleiteia uma cadeira permanente para o Brasil.
Aos presentes, o presidente citou que os cinco membros permanentes do Conselho representavam, em 1945, 10% dos membros, enquanto hoje são somente 2,5%. Lula criticou ainda a estrutura de instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Ele lembrou que os órgãos "dispunham de 12 assentos para um total de 44 países. Hoje, as juntas têm cada uma 25 assentos representando 190 países". Para manter a proporção, seria necessário haver 52 cadeiras, o dobro do atual.
Aós as reuniões desta semana, os encontros do G20 no Brasil ocorrerão ao longo do ano que vem, em diversas cidades do Brasil. As discussões vão culminar em uma Cúpula de Chefes de Estado que será realizada em 30 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro. Lula espera utilizar a presidência do G20 para projetar o país no cenário internacional e aumentar o protagonismo brasileiro.