Em discurso na Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados nesta quinta-feira (7/12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou as tentativas de firmar acordo entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia (UE), negociação que já dura 23 anos. Segundo Lula, o novo texto que busca firmar a parceria está mais “equilibrado” após as negociações, mas ainda é insuficiente. “Eu estranho a falta de flexibilidade deles de entender que nós (países do Mercosul) ainda temos muita coisa para crescer e o desejo de nos industrializar”, declarou.
Para o presidente, o antigo texto, elaborado durante a gestão de Jair Bolsonaro, tratava os países da América do Sul como se fossem ainda colônias. Lula ainda afirmou que pediu à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que colocasse um negociador da UE em contato com ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. "Para ver se a gente tinha alguma novidade."
Lula ainda revelou que tinha o sonho de que o acordo pudesse ser concluído durante a presidência rotativa do Brasil no bloco, que se encerra nesta quinta-feira. “Nunca antes na história do Mercosul se conversou com tanta gente”, relatou o presidente. O petista destacou que fez apelos ao presidente da França, Emmanuel Macron. De acordo com Lula, as tentativas não alcançaram os resultados pretendidos devido ao “protecionismo” do francês.
O encontro entre os representantes dos países membros acontece após reunião do Conselho do Mercado Comum, na quarta-feira (6/12) e após a Cúpula Social do Mercosul, evento que aconteceu de segunda (4/12) a terça-feira (5/12) e que foi retomado após sete anos de paralisação.
Despedida
O discurso foi ainda um momento de emoção para o presidente Lula, que prestou homenagem ao presidente argentino Alberto Fernández, que deixa a chefia no domingo (10/12) e passa a faixa para o candidato eleito Javier Milei.
Lula disse que considera Fernández um amigo e se emocionou ao lembrar da visita que o líder da Argentina fez a ele em 2018 na sede da Polícia Federal. “Esse gesto eu nunca vou esquecer e guardarei para o resto de nossas vidas”, relatou.
O presidente destacou o momento de chegadas e despedidas com a participação do líder da Bolívia, Luis Arce, após a entrada do país no bloco. Lula ainda falou sobre o início de uma nova gestão presidencial na Argentina, mas não citou o nome de Milei.
Conflitos
Durante a fala de abertura, o presidente também falou sobre o conflito entre Guiana e Venezuela pelo controle da região de Essequibo. Ele afirmou que a região deve ser um local de “paz e cooperação” e que o Brasil se disponibiliza para sediar quantas reuniões forem necessárias para tratar do assunto.
Lula destacou ainda a importância da representatividade no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e fez críticas ao modelo das reuniões. “A representação política da ONU não pode ser mesma de 45”, declarou.
“Se não tivermos isso não conseguimos colocar em prática nada do que discutimos na COP”, argumentou. “Não são os países menores que têm que pagar a conta, quem tem que pagar a conta são os países industrializados que há 200 anos poluem o planeta.” O representante aproveitou a oportunidade para ressaltar a importância da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que vai ser sediada em Belém (PA) em 2025. “É a primeira vez na história que a Amazônia vai falar dela própria.”
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