A Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) preparou um relatório que aponta indícios de que as blitze da Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuaram, sim, para tentar prejudicar a votação do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado no Nordeste. O documento foi encaminhado a Polícia Federal e indica que a situação impactou no fluxo de eleitores no dia do pleito.
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O documento se refere a uma amostra de 5.830 eleitores de 23 seções localizadas no município de Campo Grande, a 272 km de Natal (RN). A informação foi adiantada pelo G1 e confirmada pelo Correio. Esse é o primeiro documento da Justiça Eleitoral afirmando que as operações tiveram o potencial de atrapalhar as eleições.
À época, a PRF era comandada pelo bolsonarista Silvinei Vasques — preso desde agosto por suspeita de interferência nas votações. O registro pode sinalizar um indício técnico de que as abordagens feitas nas estradas pela polícia no Nordeste, reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tiveram de fato objetivo de atrapalhar a votação.
Na data do pleito, moradores da região usaram as redes sociais para denunciar operações da corporação nas estradas. De acordo com eles, os agentes colocaram barricadas em vários pontos, atrasando a votação dos eleitores. Na investigação, tanto Vasques quanto o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também investigado, alegaram que as barreiras foram montadas para combater crimes eleitorais, como, por exemplo, compra de votos.