conferência do clima

Despoluição industrial pode custar até R$ 40 bilhões

Pesquisa da CNI mostra que investimentos teriam de ser feitos até 2050. Setores estudados têm potencial de mitigação de emissões de gases de efeito estufa nos médio e longo prazos

A transição do setor industrial brasileiro para uma economia de baixo carbono pode custar, até 2050, R$ 40 bilhões. Foi o que constatou uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O preço da descarbonização é, segundo a entidade, em função dos elevados custos para investimentos no país, o que encarece as novas tecnologias e os processos de produção.

Segundo a pesquisa, o cálculo de R$ 40 bilhões foi obtido a partir da revisão de estudos e depois de consultas a especialistas de cada segmento. Mas a CNI ressalta que algumas áreas da indústria desconsideraram investimentos indiretos para aumentar a oferta de energia renovável — o que pode fazer com que o número obtido na pesquisa seja maior.

"Com as condições adequadas, a indústria brasileira pode se tornar um ator significativo na economia global de baixo carbono. Para tanto, são necessárias condições econômicas e políticas claras e estáveis para que possamos atrair investimentos e impulsionar inovação em tecnologias", afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Segundo o levantamento da CNI, a maior parte dos setores estudados tem potencial de mitigação de emissões de gases de efeito estufa nos médio e longo prazos. A aplicação de recursos poderia reduzir 499 milhões de toneladas de CO² até 2050.

Pecuária

E um estudo apresentado domingo, na 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (COP28), pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), afirma que as emissões de gases de efeito estufa atribuídas à pecuária bovina são contabilizadas de maneira errônea e são menores do que se aponta. De autoria do cientista argentino Ernesto Viglizzo, a pesquisa alerta que as publicações que atribuem parte significativa da responsabilidade pelas mudanças climáticas a essa atividade estão erradas, pois atribuem emissões que não lhes correspondem.

Isso ocorre devido à utilização do sistema de estimativa de emissões de gases denominado "Pegada de Carbono" — que inclui, nas emissões da carne bovina, não somente as geradas pela produção pecuária, mas também as resultantes de setores como frigoríficos, transporte e distribuição atacadista ou varejista. (Com Henrique Fregonasse, estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi)


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