A Cúpula Social do Mercosul inicia, nesta segunda-feira (4/12), no Rio de Janeiro (RJ) e tem programação até amanhã. A abertura do evento ocorreu na manhã de hoje e contou com a participação de ministras brasileiras, representante da sociedade civil, do Parlasul, e também da embaixadora do Paraguai. Eles iniciaram os debates reiterando a importância de proteger a democracia nos países da América Latina, em especial, os que compõem o bloco - Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
"A integração não é um momento, entendemos como um processo de formação e pactuação dos consensos possíveis. Ao assumir a presidência "pro tempore" do Mercosul, organizar a cúpula da Amazônia, do G20, o governo brasileiro incide a sua decisão de que esses espaços contarão sempre com a participação social com a mesma relevância estratégica das cúpulas que estarão presentes posteriormente", declarou a ministra substituta da Secretaria-Geral da Presidência da República, Maria Fernanda Coelho. A reunido bloco para ouvir movimentos sociais não ocorria desde 2016. Essa é a primeira vez que a cúpula ocorre presencialmente, já que em junho deste ano, uma assembleia virtual foi promovida - sob liderança da Argentina.
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A representante da sociedade civil, Verônica Ferreira, do comitê organizador da Articulação Feminista Marcosur, comentou que o retorno da Cúpula Social se deu em virtude de muita articulação com ministérios, sociedade civil e movimentos sociais. "Essa retomada precisa ser para avançar. Neste momento queremos partir do que tínhamos e foi interrompido, mas também precisamos avançar e institucionalizar os processos de participação na agenda da política externa do nosso país e na do Mercosul. Para assim, quando venham os tempos difíceis, nós não tenhamos perdas tão significativas como tivemos nos últimos anos. É um momento muito crítico na região, no mundo. Estamos colocando a necessidade de construir uma agenda democrática porque a democracia está em risco na nossa região", defende a articuladora política.
A embaixadora Gisela Padovan, do Ministério das Relações Exteriores, destacou que o Mercosul surgiu como um acordo econômico. "O Mercosul inicia como um acordo comercial comum e teve resultados muito importantes. Em 1991 o comércio entre os membros do bloco era de US$ 4, bilhões por ano, e 32 anos depois, são US$ 46 bilhões, cresceu 10 vezes. E o Mercosul tem a parte política também. Queremos receber os insumos da sociedade e seguir na direção que vocês vão nos indicar. O engajamento da sociedade civil em movimentos sociais é essencial para alicerçar as bases de uma política democrática, que é o que queremos", comentou. Na mesma linha, a embaixadora do Paraguai, Helena Felipe reforçou o empenho do país em somar às lutas do combate às desigualdades sociais.
Já o deputado Arlindo Chinaglia, representante do Parlasul, deu ênfase em seu discurso ao acordo comercial muito aguardado entre o Mercosul e a União Europeia. Também estiveram presentes na cerimônia líderes cariocas. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, esteve no evento para dar boas vindas aos mais de 300 integrantes da sociedade civil e representantes dos governos do Mercosul que estão na cidade. O secretário do Estado do Rio de Janeiro, Bernardo Rossi fez o mesmo.
Além disso, estiveram presentes as ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, das Mulheres, Cida Gonçalves, e a ministra substituta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiavelli. Elas comentaram sobre os desafios das temáticas de suas pastas, como o enfrentamento ao racismo, a desigualdade de gênero e a implementação de políticas de acesso a terra.