mudanças climáticas

Na COP28, Lula exalta preservação da Amazônia e prega a descarbonização

No discurso em Dubai, presidente afirma ser preciso trabalhar por uma economia menos dependente dos combustíveis fósseis

Em discurso na abertura da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP28, nesta sexta-feira, em Dubai, nos Emirados Árabes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o dinheiro gasto em guerras que, segundo ele, deveria estar sendo usado para combater desigualdades e as mudanças climáticas.

"Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta? Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2,224 trilhões em armas, quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática", enfatizou. "Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres famintas? A conta da mudança climática não é a mesma para todos. E chegou primeiro para as populações mais pobres", completou.

Lula defendeu que os países mais desenvolvidos ampliem suas metas de descarbonização para limitar o aumento do aquecimento global em 1,5%. O presidente destacou os ajustes feitos pelo país nas metas climáticas, que segundo ele "são hoje mais ambiciosas do que as de muitos países desenvolvidos".

"Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030. Formulamos um plano de transformação ecológica para promover a industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia. Forjamos uma visão comum com os países amazônicos e criamos pontes com outros países detentores de florestas tropicais", mencionou.

O chefe do Executivo aproveitou para destacar a importância das energias renováveis e sobre a redução da dependência do petróleo. "É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis", afirmou. As declarações do petista ocorrem no momento em que o Brasil avalia aceitar o convite da Organização dos Países Exportadores de Petróleo para aderir à Opep.

Cobranças

O petista ainda alfinetou os países ricos por não cumprirem a promessa de ajudar financeiramente os mais pobres no combate às mudanças climáticas. "O planeta já não espera para cobrar da próxima geração. O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega, de discursos eloquentes e vazios. Precisamos de atitudes concretas", destacou.

Ele ressaltou que, de longe, 2023 já é considerado um dos anos mais quentes e citou ondas de calor, secas e enchentes no Brasil. "A ciência e a realidade nos mostram que, desta vez, a conta chegou antes." Acrescentou que "não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater as desigualdades".

A ONU também foi alvo de críticas de Lula, pela incapacidade de manter a paz em conflitos mundiais, "porque alguns dos seus membros lucram com a guerra". "Governantes não podem se eximir de suas responsabilidades. Nenhum país resolverá seus problemas sozinho. Estamos todos obrigados a atuar juntos, além de nossas fronteiras. O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo", garantiu.

Neste sábado, no segundo dia de participação na COP28, a agenda de Lula continua cheia. Ele participa da reunião do G77 China sobre Mudança do Clima; do evento sobre Florestas: Protegendo a Natureza para o Clima, Vidas e Subsistência, de um almoço de trabalho com o presidente da França, Emmanuel Macron; e de encontros com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, com o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, com o primeiro-ministro da República Democrática Federal da Etiópia, Abiy Ahmed Ali e , por fim, da Celebração do Dia Nacional dos Emirados Árabes Unidos.

 

 

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