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Governo e companhias aéreas se juntam em esforço para baixar passagens

Ministério dos Portos e Aeroportos e as três principais empresas de aviação em operação no país anunciam uma série de medidas com vistas a favorecer o usuário. Uma delas, o teto de R$ 799 para bilhetes

Silvio (C) anunciou as medidas com os CEOs. Governo e aéreas se mostraram dispostos a oferecer melhores preços -  (crédito: Vosmar Rosa/MPOR)
Silvio (C) anunciou as medidas com os CEOs. Governo e aéreas se mostraram dispostos a oferecer melhores preços - (crédito: Vosmar Rosa/MPOR)
postado em 19/12/2023 03:55

O governo federal e as três principais companhias aéreas do Brasil anunciaram, ontem, os primeiros passos para a redução no preço das passagens de avião. Cada empresa divulgou uma série de medidas para 2024, incluindo a criação de cotas de passagens a valores reduzidos, cujo teto é de R$ 799, para compras feitas com mais de 14 dias de antecedência.

O anúncio foi feito pelos CEOs das três companhias ao lado do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho — que aproveitou para salientar que as medidas são as primeiras do chamado Plano de Universalização do Transporte Aéreo. A ideia é frear o mais rápido possível aumento das passagens, enquanto outras questões estruturais, como o preço dos combustíveis, são avaliadas.

O ministro disse, ainda, que liderou um processo de "sensibilização" das empresas e afastou a hipótese de tomar medidas intervencionistas no mercado. "É a primeira etapa de um programa que a gente espera que, ao longo de 2024, avance. Como eu disse, não é um toque de mágica. É um trabalho diário que, ao longo desses próximos 12 meses, a gente vai trabalhando de maneira coletiva", explicou.

Combustível

Segundo o ministro, entre os motivos para a disparada do preço das passagens aéreas estão o alto custo do querosene de aviação (QAV) e as pesadas taxas de judicialização contra as aéreas — Latam, Gol e Azul reúnem 98% do mercado nacional de transporte aéreo de passageiros.

De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o valor médio das passagens, em setembro, foi de R$ 747,66, o maior desde março de 2009. No acumulado do ano, porém, a média é 7,59% menor do que no mesmo período do ano passado. Ainda assim, os valores acenderam um alerta no governo federal, que acionou as companhias e deu um prazo para que apresentassem sugestões para reduzir os preços.

Avanços

Apesar dos preços altos, Silvio celebrou o resultado da aviação em 2023. Segundo ele, de 98 milhões de passageiros internacionais e nacionais, em 2022, saltou para mais de 115 milhões de passageiros, em 2023 — um crescimento de mais de 15%, conforme enfatizou.

A projeção da pasta é de que, até 2026, o país atinja entre 140 milhões e 150 milhões de passageiros, o maior volume da história. Silvio salientou, também, que o número de turistas estrangeiros mais do que dobrou no país em 2023 — de dois milhões para quatro milhões.

Sobre o Voa Brasil, programa anunciado pelo governo federal que prevê passagens de até R$ 200 para alguns públicos, o ministro afirmou que será anunciado no início de 2024. O programa estava previsto para passar a valer este ano e foi anunciado, há alguns meses, pelo então titular da pasta, Marcio França — hoje à frente do Ministério da Microempresa.

"Nossa expectativa é de que a gente anuncie o Voa Brasil na segunda quinzena de janeiro. A gente está dialogando institucionalmente com o governo. Cada companhia aérea está, também, apresentando sugestões", frisou. O ministério está definindo quais serão os públicos-alvos da iniciativa — como aposentados e inscritos no Cadastro Único.

Ideia é aumentar vendas e usuários

As ações apresentadas, ontem, variaram de acordo com a companhia aérea. O CEO da Azul, John Rodgerson, anunciou que a empresa vai oferecer 10 milhões de passagens até R$ 799. Além disso, passageiros que comprarem bilhetes em cima da hora, com preço mais alto, terão preferência na remarcação da viagem e despacho gratuito de bagagens. "Em 2023, transportamos mais ou menos 30 milhões de passageiros. Então, um terço de nossos assentos estarão nessa condição", explicou.

A Gol anunciou que venderá 15 milhões de passagens a até R$ 699 em 2024, além de tarifas com desconto em casos de emergência — como a morte de um parente. Também estão programadas ações promocionais duas vezes por semana, com passagens entre R$ 100 e R$ 600, com mais de 21 dias de antecedência, e entre R$ 600 e R$ 800, dentro da mesma semana.

"O diálogo (com o governo) tem sido muito aberto. As companhias têm tido oportunidade, sim, de apresentar pleitos estruturantes", afirmou o CEO da Gol, Celso Ferrer. No caso da Latam, a promessa é de vender passagens até R$ 199 semanalmente, além do fim da validade de dois anos no programa de pontos. A companhia disse, ainda, que vai aumentar em 10 mil/dia o número de assentos disponíveis, o que totaliza cerca de 3 milhões/ano, além do volume atual.

O CEO da empresa, Jerome Cadier, destacou ainda que um terço dos assentos da companhia são vendidos a menos de R$ 300. Anunciou, também, que a Latam investirá em campanhas para ensinar o público a comprar mais barato.

"A gente ainda acredita que muitos passageiros no Brasil, apesar de ser um mercado grande, não compram da melhor forma — seja pela antecipação com a qual compra, seja pelo tipo de passagem que escolhe", salientou Cadier.

Porém, os CEOS pediram medidas do governo para reduzir os custos de operação. Destacam, por exemplo, que o preço do querosene de aviação nacional é o maior do mundo, apesar de o ministro Silvio Costa Filho, dos Portos e Aeroportos, afirmar que o valor caiu 19% desde 2022. Rodgerson, da Azul, salientou ainda que mais de 10% do preço das passagens vem dos altos juros praticados atualmente.

 

 

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