violência

Suspeitos de hackear conta de Janja participavam de grupos misóginos

Rapaz de 17 anos e morador de Sobradinho é alvo da operação que investiga invasão de perfil da primeira-dama em rede social. Agentes também chegaram a produtor musical em Minas, que fazia apologia ao racismo, à misoginia e ao nazismo

Perfil de Janja no X foi invadido segunda-feira. Piratas deixaram mensagens misóginas, além de xingamentos a Lula -  (crédito: Claudio Kbene/PR)
Perfil de Janja no X foi invadido segunda-feira. Piratas deixaram mensagens misóginas, além de xingamentos a Lula - (crédito: Claudio Kbene/PR)
postado em 15/12/2023 03:55

A Polícia Federal cumpriu, na manhã de ontem, um mandado de busca e apreensão contra aquele que é considerado o principal suspeito de invadir a conta da primeira-dama Janja Lula da Silva, no X (antigo Twitter), na noite de segunda-feira. O alvo, um adolescente de 17 anos morador de Sobradinho, teria admitido, em depoimento à PF, ser o responsável por hackear o perfil.

Ao todo, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, sendo dois no Distrito Federal e quatro em Minas Gerais, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A PF informou que "ficou constatado que os possíveis envolvidos também tinham perfis e postagens na plataforma Discord e participavam de grupos que trocavam mensagens de caráter misógino e extremista".

Outro alvo da operação da PF é João Vítor Corrêa Ferreira, de 25 anos, morador de Ribeirão das Neves (MG). Ele é produtor de conteúdo musical com teor racista, sexista, misógino e nazista. Sob o apelido "Maníaco", ele publicava no Spotify faixas musicais de rock com apologia à discriminação racial, às mulheres e ao nazismo.

O perfil de João Vítor na plataforma de streaming está fora do ar, mas contava com o selo de verificado. Ele tinha mais de 4 mil ouvintes mensais e quatro álbuns publicados com músicas ostensivamente preconceituosas.

No álbum O Sul é meu país, alusão ao lema separatista da Região Sul, a faixa Ariano continha versos de ataque à miscigenação, repercutindo teses de "supremacia racial". Numa canção do álbum Incel pardo, cujo nome faz referência a um movimento de orientação misógina, João Vitor fez referência explícita e positiva à violência contra a mulher. Em outra música, intitulada Macumba, o autor deprecia nordestinos e religiões de matrizes africanas.

Streaming

O perfil do "Maníaco" está fora do ar no Spotify, mas, questionada sobre o selo de "verificado", a plataforma disse que só sinaliza que o usuário em questão é o artista que reivindica ser e não configura endosso ao conteúdo produzido. As músicas de "Maníaco" têm sido replicadas no YouTube e procurada para esclarecer as diretrizes de conteúdo, o canal não se pronunciou até o fechamento desta edição.

No perfil hackeado da primeira-dama, as primeiras postagens foram publicadas a partir das 21h30, com frases como "Super Xandão presidente do Brasil em 2026" e "Eu apoio o mensalão" — além de xingamentos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por volta das 22h, os piratas publicaram um vídeo detalhando o ataque e uma voz masculina diz que está "ciente que a Polícia Federal está investigando isso aqui. Mas eu não tô nem aí. Eu sei que vai dar alguma coisa, talvez não dê, talvez dê, depende do sistema judiciário desse país, que é quebrado".

Além disso, o autor do ataque dizia não crer que seria achado. "Se eu for preso, eu quero avisar vocês que não acredito que eu vá ser preso, talvez consequências jurídicas, mas eu quero avisar vocês que isso acontece só com gente honesta que tá aqui zoando um pouco na rede social", desafiou. (Com Agência Estado)

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

-->