O indicado à Procuradoria-Geral da União (PGR), Paulo Gonet, afirmou durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), no Senado, nesta quarta-feira (13/12), que as cotas afirmativas para negros é um instrumento “legitimo”, mas que deve ter um prazo de vigência.
O líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), questionou o indicado sobre seu posicionamento sobre o tema e Gonet citou um artigo em que tratava sobre cotas. Segundo o sabatinado, o texto teria sido lido “em partes, fora do contexto”.
“Nunca disse que era contrário às cotas. Tanto nesse artigo, quanto hoje digo que a cota é um dos instrumentos da ação afirmativa do Estado. É o instrumento mais drástico, que deve ser reservado para os casos mais relevantes e impactantes. A cota em favor dos negros, das pessoas que sofrem uma discriminação, vem sofrendo discriminação historicamente e, portanto, não tem o mesmo ponto de partida que a maioria tem para disputar os bens da vida, me parece perfeitamente justificada”, pontuou Gonet.
- ‘Não vim fazer debate político’, diz Dino antes de sabatina na CCJ
- Flávio Dino e Paulo Gonet: como será a sabatina nesta quarta?
- Esplanada é fechada por causa de sabatina de Dino e Gonet nesta quarta
O indicado à PGR defendeu que as cotas envolvem uma “harmonização de direitos e interesses da sociedade”. “A cota tem que ser um assunto a ser definido pelos senhores, por vossas excelências: pelo Senado, pela Câmara, pelos agentes políticos”.
“Essa é uma questão que significa estabelecer balanço entre direitos fundamentais e quem pode estabelecer esse balanço, em primeiro lugar, o primeiro intérprete da Constituição, o primeiro responsável por estabelecer uma harmonização dos valores constitucionais, é o Legislativo”, declarou.
Gonet defendeu que o tema das cotas seja analisado de forma “técnica e metódica”, para que seja efetivo “inclusive perante o Judiciário”.
“Para que se tenha cota, é preciso que haja em, primeiro lugar, o estabelecimento de prazo para que essa cota tenha vigência. Porque se o problema que a cota quer resolver já foi solucionado ao longo do período, ela deixa de se justificar”, explicou Gonet, que alegou, ainda, que as cotas são um “tratamento diferenciado que se justifica”.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br