A Polícia Federal (PF) cumpriu, ontem, quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados a um suspeito de participar da invasão ao perfil da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, no X (antigo Twitter) — que tem mais de 1 milhão de seguidores —, na noite de segunda-feira. De acordo com fontes ligadas à investigação, as ações ocorreram em Minas Gerais, cumprindo mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os locais alvos das ações da PF foram localizados como sendo a origem do IP — endereço virtual dos computadores — utilizado no hackeamento. Janja retomou o controle do perfil da conta e foram apagadas as publicações feitas pelo investigado — nas quais atacava Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a própria primeira-dama com expressões de cunho misógino e sexual.
A PF foi acionada poucas horas depois da invasão e abriu inquérito. "Na noite de ontem (segunda-feira), os ataques de ódio e o desrespeito que sofro diariamente chegaram a outro patamar. Minha conta do X foi hackeada e, por minutos intermináveis, foram publicadas mensagens misóginas e violentas contra mim. Posts machistas e criminosos, típicos de quem despreza as mulheres, a convivência em sociedade, a democracia e a lei", salientou Janja em publicação no perfil.
"Estou acostumada com ataques na internet, por mais triste que seja se acostumar com algo tão absurdo. Mas a realidade é que a internet é um espaço potente para o bem e para o mal. E é comprovado que nós, mulheres, somos as que mais sofrem com os ataques de ódio, aqui nas redes. O que sofri ontem (segunda-feira) é o que muitas mulheres sofrem diariamente", completou.
Como adiantou o Correio, desde a manhã de ontem os investigadores da PF suspeitavam de um nome envolvido no ataque. As diligências foram iniciadas imediatamente após o caso ser informado à corporação. Assim que foi avisada, a empresa responsável pelo X bloqueou a conta para novas publicações do hacker e, em seguida, devolveu o acesso a Janja.
Pela mesma rede social, Lula agradeceu as manifestações de solidariedade e reforçou o apoio à primeira-dama. "As mulheres são as principais vítimas de crimes virtuais e não podemos tolerar mais episódios como esses contra as mulheres. Aos envolvidos, o rigor da lei", afirma a publicação.
Ataque à vacina
Lula, por sinal, aproveitou o programa semanal Conversa com o Presidente, para defender a criminalização de quem divulga mentiras e desinformações sobre as vacinas. Ao lado da ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que não há outra forma de lidar com "facínoras" e "negacionistas".
"É necessário criminalizar a pessoa que está contando mentiras sobre uma questão tão importante, que é a gente vacinar o povo brasileiro, sobretudo as crianças. Quando tem um facínora qualquer que resolve fazer propaganda contrária, temos que processá-lo criminalmente. Não tem outra saída para lidar com gente desse tipo, negacionista", destacou o presidente.
Em seguida, Nísia criticou a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados por promover ataques à eficácia dos imunizantes. Parlamentares do colegiado sugeriram a relação entre as vacinas contra a covid-19 e uma suposta "epidemia de morte súbita" no mundo.
"Vimos lives promovidas por uma comissão da Câmara em que médicos falam que a vacina da covid pode causar miocardites graves. Tudo fake news, mas aparecendo como se fosse informação científica. Isso confunde a população", lamentou.
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