CPI da Braskem

Participação da Petrobras na Braskem faz governo preferir evitar CPI

Apesar da proposta de CPI no Senado Federal ter sido de iniciativa de um dos principais aliados do governo, o senador Renan Calheiros, o Planalto teme que a comissão parlamentar possa atacar a estatal

Renan Calheiros e líder do governo no Senado, Jaques Wagner: Lula teve conversa reservada com parlamentares alagoanos sobre CPI da Braskem      -  (crédito: Pedro França/Agência Senado)
Renan Calheiros e líder do governo no Senado, Jaques Wagner: Lula teve conversa reservada com parlamentares alagoanos sobre CPI da Braskem  - (crédito: Pedro França/Agência Senado)
postado em 12/12/2023 12:39 / atualizado em 12/12/2023 12:41

Em um esforço de jogar água na fervura a fim de evitar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado Federal sobre a situação do colapso das minas de sal-gema da Braskem em Maceió, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na manhã desta terça-feira (12/12) com políticos alagoanos para debater a situação. A petroquímica, apesar de ter como maior acionista, com 51% do capital votante, a Novonor, novo nome da Odebrecht, tem uma significativa participação da Petrobras, que controla 47% da empresa.

A CPI foi proposta por um importante aliado do governo, o senador Renan Calheiros, mas a avaliação palaciana é de que Calheiros aposta na comissão para desgastar o seu oponente político, que é a outra principal liderança do estado nordestino, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Como o governo não quer criar nenhuma indisposição com Lira, de quem depende da boa vontade para votar temas de interesse no parlamento, e teme que essa comissão se torne um palanque para bater na estatal petroleira, a ordem no Planalto é tentar evitar a CPI.

Na contabilidade da política, a instalação da comissão parlamentar poderia desgastar tanto o prefeito João Henrique Caldas (PL) — conhecido por JHC — aliado de Lira, quanto o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), aliado de Calheiros. Porém, como as eleições do segundo semestre de 2024 são municipais, o grupo de Lira deve ser o maior prejudicado na pretensão de seguir no comando da capital alagoana.

Apesar do esforço do governo em evitar que o "incêndio" de Alagoas chegue a Brasília, parte dos senadores quer a instalação da CPI ainda nesta terça-feira. Após a reunião no Planalto, os alagoanos devem se reunir no gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM), que foi presidente da CPI da Covid, em 2021, e é apontado como provável presidente da CPI da Braskem.

A indicação de Aziz pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), indica um movimento para reduzir o protagonismo de Calheiros, mas pode mandar o alagoano para a relatoria, repetindo a dobradinha que ficou famosa na CPI da Pandemia.

Mostrando que o Senado tem pressa em entrar no assunto, ainda na segunda-feira (11), 10 das 11 vagas titulares foram indicadas pelos partidos. Somadas as vagas de suplentes, serão 18 parlamentares compondo a CPI da Braskem. Todos os senadores de Alagoas foram indicados, faltando apenas a indicação do líder do PDT para a última vaga de titular do colegiado.

Já indicados para a CPI da Braskem:

  • Renan Calheiros (MDB-AL)
  • Fernando Farias (MDB-AL)
  • Rodrigo Cunha (Podemos-AL)
  • Soraya Thronicke (Podemos-MS)
  • Omar Aziz (PSD-AM)
  • Otto Alencar (PSD-BA)
  • Angelo Coronel (PSD-BA)
  • Fabiano Contarato (PT-ES)
  • Rogério Carvalho (PT-SE)
  • Jorge Kajuru (PSB-GO)
  • Efraim Filho (União-PB)
  • Jayme Campos (União-MT)
  • Dr. Hiran (PP-RR)
  • Cleitinho (Republicanos-MG)
  • Wellington Fagundes (PL-MT)
  • Eduardo Gomes (PL-TO)
  • Magno Malta (PL-ES)

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