O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira, que o mundo precisa de uma governança global para cuidar das questões climáticas. O chefe do Executivo sugeriu a abertura de um fundo permanente voltado à promoção da sustentabilidade, com autonomia para tomar decisões sem passar pelos parlamentos dos países. As declarações foram dadas a jornalistas em Doha, no Catar, antes de o petista embarcar para Dubai, onde participará, hoje, da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28).
"Estamos propondo a criação de um fundo permanente. Para você manter o planeta habitável e todo mundo vivendo confortavelmente bem não é apenas dar ajuda para não desmatar. É fazer com que se mantenha assim para sempre e que se tente reflorestar aqueles lugares em que não se têm mais florestas", disse. "No caso do Brasil, nós temos mais de 40 milhões de hectares de terras degradadas e que poderemos recuperar. Não apenas para plantar comida, mas para poder reflorestar com aquela madeira que a gente quiser."
Lula destacou que o Brasil tem "um vasto programa de investimentos em energia verde renovável". "Estamos com vasto programa em recuperação dessas terras degradadas, e acho que a discussão que vai se dar na COP ainda não vai ser decisiva, mas acho que vamos ter de mudar o jogo para que as pessoas aprendam que o planeta está avisando, ele não está brincando", ressaltou.
O chefe do Planalto foi questionado se acredita que os países ricos finalmente vão liberar os US$ 100 bilhões anuais para compensar perdas climáticas em nações menos desenvolvidas, seguindo o Acordo de Paris. "Precisamos ter uma governança global para ajudar a cuidar do planeta. Se você toma uma decisão qualquer em benefício do mundo e ela tiver de ser votada internamente pelo seu congresso nacional, significa que ninguém vai cumprir", enfatizou.
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Ele ainda criticou lideranças políticas mundiais pelo descumprimento de acordos para o clima. "Até hoje, os Estados Unidos não cumpriram o protocolo de Kyoto. O Acordo de Paris não foi cumprido em quase lugar nenhum do mundo. Se os governantes democratas querem continuar sendo acreditados pelo povo, é preciso que a gente comece a fazer as coisas que as pessoas estão achando que nós devemos fazer", ressaltou.
Em dois dias na COP28, Lula participará de ao menos 26 agendas. Hoje, há 16 encontros programados. Entre os destaques, estão reunião com o presidente de Israel, Isaac Herzog, em que deve ser tratada também a guerra com o Hamas; com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres; com o premiê da Espanha, Pedro Sánchez; e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Para além da COP28, a expectativa do encontro entre Lula, Von der Leyen e Sánchez é de conclusão das negociações para o acordo entre Mercosul e União Europeia. O petista deseja finalizar o acerto até o dia 7, quando chega ao fim a presidência rotativa do Brasil no bloco e antes da posse do novo presidente argentino, Javier Milei, marcada para o dia 10 — ele já se manifestou a favor da saída da Argentina do bloco, o que dificultaria a negociação.
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