Cauteloso e acompanhado por apenas dois assessores, o subprocurador da República Paulo Gonet Branco passou esta quarta-feira percorrendo os corredores do Senado para cumprir uma extensa agenda de visitas aos senadores, um protocolo não escrito para todos que são indicado pelo presidente da República a um cargo que exija a aprovação da Casa Legislativa.
É o caso do cargo de procurador-geral da República, ao qual Gonet foi escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na segunda-feira. Ele será submetido à sabatina no dia 13, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Na sequência, terá seu nome submetido à votação pelo plenário.
Gonet visitou parlamentares governistas e de oposição. Passou pelos gabinetes do vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego (MDB-PB), e de Otto Alencar (PSD-BA), Cid Gomes (PDT-CE), Lucas Barreto (PSD-AP), Fabiano Contarato (PT-ES), Marcelo Castro (MDB-PI), Ângelo Coronel (PSD-BA) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).
Ele também teve uma longa conversa com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). No meio da tarde, o subprocurador foi até o cafezinho do plenário, onde se encontrou com Carlos Portinho (PL-RJ) e Izalci Lucas (PSDB-DF).
O subprocurador evitou falar com a imprensa enquanto percorria as longas distâncias entre um gabinete e outro. A quem pedia uma declaração, respondia que só falaria depois da sabatina, em respeito ao Senado, a quem caberá a decisão de confirmá-lo no cargo ou não. No cafezinho do Senado, porém, em clima de descontração, conversou sobre futebol com o também carioca Carlos Portinho, um dos principais nomes da oposição bolsonarista.
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O indicado à PGR é torcedor do Botafogo, que está se afastando cada vez mais do título de campeão brasileiro. Portinho, por sua vez, foi atleta e dirigente do Flamengo e relator da lei que regulamentou as Sociedades Anônimas de Futebol (SAF).
Depois, Gonet acabou cedendo e conversou rapidamente com os jornalistas que o acompanhavam. Perguntado a respeito da recepção que teve por parte dos senadores de oposição, foi diplomático. Disse que o Ministério Público não faz distinção partidária. "A gente conversa com todos. Para o Ministério Público não existe senador da oposição ou da situação, são todos dignos representantes das unidades da Federação."
Ele evitou fazer comentários sobre a sabatina. "É uma honra poder me apresentar pessoalmente no Senado aos que vão me avaliar no momento da aprovação ou da recusa do meu nome", limitou-se a declarar.
Na conversa do cafezinho, Portinho ressaltou a carreira técnica de Gonet ao colega Izalci. O senador pelo DF indicou que o subprocurador não terá problemas na aprovação. "Amigo nosso de Brasília há 40 anos", destacou Izalci ao Correio.
Mas, ao mesmo tempo em que o tucano promete uma aprovação tranquila do indicado para a PGR, garante que o nome de Lula ao Supremo Tribunal Federal, o ministro da Justiça, Flávio Dino, não terá a mesma facilidade. O parlamentar revelou que emissários de Dino tentaram contato com o gabinete dele, mas respondeu não ter interesse em se encontrar com o ministro.
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