Com os ministros da Defesa, José Múcio, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como anfitriões, os ministros da Defesa e chanceleres dos 12 países sul-americanos se reuniram nesta quarta-feira (22/11) no Palácio do Itamaraty, em Brasília. A declaração do encontro reforçou o apoio dos países sul-americanos ao interesse argentino pelas Ilhas Malvinas e apontou que a presença militar do Reino Unido incomoda a região.
Na declaração os subscritores, “reafirmaram seu apoio aos direitos legítimos da República Argentina na disputa de soberania entre a República Argentina e o Reino Unido”. A apontam o desconforto com a manutenção da presença militar dos britânicos na região. “A presença militar do Reino Unido nas Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e nas áreas marítimas circundantes é contrária à política da região de adesão a uma solução pacífica para a disputa de soberania e reiteraram seu apelo para retomar as negociações em busca de uma solução definitiva”, diz o documento.
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O evento foi a Primeira Reunião Sul-Americana de Diálogo entre Ministros da Defesa e das Relações Exteriores, conforme decidido pelos 12 líderes sul-americanos – Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela –, durante a reunião de 30 de maio, no Brasil, que gerou o Consenso de Brasília. Outras atividades, no contexto da integração sul-americana, também estão previstas na agenda das nações do continente no documento “Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul”.
Durante o encontro desta quarta-feira, foram realizados debates sobre temas de ajuda humanitária, segurança de fronteiras, defesa cibernética e a indústria de defesa. O documento aprovado, além de apresentar apoio à Argentina, apontou diretrizes para a retomada do diálogo e da cooperação sul-americana em matéria de defesa.
“a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, onde prevalecem o diálogo e o respeito à diversidade, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de Direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e da integridade territorial, a não interferência em assuntos internos e a solução pacífica de controvérsias”, aponta o documento.
Guiana e Venezuela
O encontro, que reforçou em seu documento a paz e cooperação regional, não abordou, ao menos no texto oficial, o aumento das tensões entre a Venezuela e a Guiana. O governo de Nicolás Maduro marcou um plebiscito para o dia 3 de dezembro, onde a população venezuelana deve decidir se o país deve, ou não, anexar a região de Essequibo, na faixa oeste da Guiana.
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Embora o conflito já persiste há mais de um século, desde o início do século XIX, a disputa pela área arrefeceu na metade do século passado. Agora, com a descoberta na região de enormes reservas de petróleo, e a crise política e econômica da Venezuela, a disputa com a Guiana, voltou a ganhar força e pode comprometer a estabilidade da paz na região.