Primeira cidade a decretar o lockdown no Brasil, Araraquara é o centro da narrativa do livro Uma cidade na luta pela vida. Da pandemia ao 8 de janeiro, que será lançado, em Brasília, às 19h desta terça-feira (21/11). Ao Podcast do Correio, programa do Correio Braziliense, o autor e prefeito da cidade paulista, Edinho Silva (PT-SP), contou sobre a relação de Araraquara com a pandemia da covid-19 até os atos golpistas do 8 de janeiro — recém-eleito presidente, Luiz Inácio Lula da Silva cumpria agenda em Araraquara no momento do ataque às sedes dos Três Poderes. Outro assunto abordado por ele foi a importância de fortalecer o Partido dos Trabalhadores para protagonizar o período pós-governo Lula.
“Eu penso que o nosso candidato em 2026 tem que ser o presidente Lula. Essa é minha avaliação. E penso que o PT tem que ter consciência de que, na sucessão de Lula, ele tem que ser o partido que esteja forte e organizado para o desafio do pós. Hoje, eu penso que o PT não tem a musculatura necessária para ser o protagonista do pós-Lula”, apontou Edinho.
“A gente precisa que o PT entenda que o principal instrumento de sucessão do presidente Lula é o partido, com capacidade de diálogo com os demais partidos. Mas quem tem que estar forte e robusto, nesse momento da história, é o PT”, defendeu.
Ainda segundo o prefeito, o cenário de polarização vivenciado na última eleição presidencial se mantém e representa um enorme desafio que só poderá ser combatido por uma coalizão forte que tenha sucesso em se comunicar com “o outro lado”.
“Só vamos conseguir dialogar com quem está do outro lado se nós tivermos um governo unido, sabendo para onde vai, e a sociedade entendendo a mensagem desse governo. Se nós temos essa clareza, qualquer outra disputa fica pequena, irrelevante. Nosso desafio é imenso, é do tamanho do Brasil. Penso, também, que o partido tem que entender que o principal instrumento pós-Lula tem que ser o PT. Não exclusivamente, claro. Nesta conjuntura em que estamos vivendo, só se faz a democracia prevalecer se for uma coalizão, mas um partido fraco não consegue construir uma coalizão”, reforçou.
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Edinho Silva também falou sobre o enfrentamento à pandemia, que fez de Araraquara referência na imprensa internacional e virou tema principal da publicação do prefeito junto aos ataques do 8 de janeiro.
“O livro fala, fundamentalmente, da experiência do processo decisório, de como é ser gestor em meio a uma pandemia, num processo onde você precisava tomar decisões sem ter as informações necessárias, porque tudo era novo. A ciência ainda buscava entender o que era a pandemia. O livro fala de uma experiência importante, da cidade e da minha experiência como gestor naquele período. Eu sempre digo que aquilo que Araraquara experienciou na pandemia não foi um raio em céu azul. As políticas públicas construídas são consequência de um processo e de uma opção que a cidade fez, de outras políticas públicas que deram a base e a cultura política para que nós pudéssemos tomar as medidas que nós tomamos: fazer lockdown, provocar distanciamentos mais de uma vez etc.”
O prefeito detalhou a presença do presidente Lula na cidade durante os atos golpistas, e disse que “Araraquara se tornou a capital do Brasil por um dia”. “Quem estava naquele gabinete, no 6º andar da prefeitura de Araraquara teve uma aula de exercício da política. Nem a melhor das interpretações de O Príncipe de Maquiavel traduziria o que era o presidente ali, exercendo, como um estadista, de forma tão brilhante, o poder no seu exercício real”, ressaltou.
O lançamento do livro Uma cidade na luta pela vida. Da pandemia ao 8 de janeiro acontece logo mais, às 19h de hoje, na casa de eventos Villa Rizza, no Setor de Clubes Esportivos Sul (SCES), entre as pontes Juscelino Kubitschek e Honestino Guimarães.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro