Com 23 mil argentinos cadastrados com domicílio eleitoral no Brasil, o dia de votação para a eleição presidencial do país vizinho foi tranquilo na embaixada da Argentina em Brasília e nos 10 consulados dos “hermanos” espalhados pelo país. Brasília, com 400 eleitores cadastrados, recebeu apenas 100 eleitores quando a votação se encerrou, às 18h deste domingo (19/11).
Com o horário de votação das 8h até as 18h, a maior parte dos eleitores optou por ir às urnas e escolher o próximo presidente da Argentina na parte da manhã. Diferente do processo na Argentina, em que os eleitores depositam nas urnas uma cédula já impressa pelos partidos competidores, as cédulas de votação no dos argentinos no exterior acontecem com uma cédula de papel padronizada onde se sinaliza a preferência do eleitor com um x.
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De acordo com a legislação da Argentina, diferente do Brasil, não é permitido que o eleitor tenha qualquer identificação do seu candidato de preferência, assim como não é permitido ao eleitor declarar o voto durante o dia da eleição. Essa restrição torna ilegal qualquer pesquisa de boca de urna no país vizinho.
Na saída da sessão eleitoral da embaixada da Argentina em Brasília, o Correio conversou com eleitores, que mesmo não revelando a preferência, questionados sobre as relações com o Brasil, demonstraram confiança de que, independente do vitorioso, as relações dos dois países não devem se alterar. Nessa posição, reproduziam o discurso de que as relações comerciais se dão entre os privados do candidato da oposição Javier Milei, declarado vitorioso pelo candidato governista Sérgio Massa no início da noite deste domingo.
Diego Perrone, comerciante da Asa Norte com dupla nacionalidade, brasileira e argentina, depositou o voto confiante que a relação entre os dois países só pode melhorar. “Eu acho que vai mudar para melhor, esse negócio de cortar relações não vai existir, não tem como isso, independente de quem ganhe”, aposta o eleitor.
O agrônomo Pedro Spada, há dois anos no Brasil e morador de Goiânia, foi com toda família a Brasília para votar no seu candidato, sem revelar em que depositou sua confiança, demonstrou entusiasmo com a vitória. Mas questionado sobre a relação dos dois países demonstrou simpatia ao discurso do candidato Javier Milei.
“Se Deus quiser vai dar certo como falam por aqui. Mas as relações entre Brasil e Argentina são mais privadas, são relações comerciais com muita força do setor privado, eu acho que a Argentina não fechará as relações com o Brasil”, disse ele.
Também há dois anos no Brasil, Valéria Cobello, moradora de Brasília, espera que a amizade entre os dois países siga inalterada. “A relação Brasil-Argentina é muito forte para os dois países, eu espero que isso não atrapalhe”, disse a eleitora que é astróloga e questionada pela reportagem fez uma previsão para a eleição. “Como Júpiter, que é o planeta da sorte, está sobre o signo de touro, um dos dois candidatos é de touro, os astros dizem que ele vai ganhar”, garantiu Valéria sem revelar que se referia ao candidato derrotado, Sérgio Massa, nascido em 28 de abril de 1972, do signo de Touro.
A votação no Brasil teve uma baixa participação, com a participação de 100 eleitores em Brasília, 36 no Recife, 221 em Curitiba, 15 em Uruguaiana (RS), 182 em Porto Alegre, 128 em Belo Horizonte, 71 em Salvador, 42 em Foz de Iguaçu (PR), 385 no Rio de Janeiro, 253 em Florianópolis e a maior participação foi em São Paulo com 1.035 eleitores depositando o seu voto.