poder

Após caso 'dama do tráfico', bolsonaristas apertam o cerco contra Dino

Chega a 95 o número de requerimentos de convocação do ministro para explicar uma série de assuntos, entre os quais, o das visitas da "Dama do tráfico" à pasta

Parlamentares bolsonaristas intensificam a ofensiva contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. O caso das audiências concedidas pela pasta a Luciane Barbosa, mulher de um líder do Comando Vermelho, fez disparar o número de requerimentos para que ele seja convocado à Câmara. Já são 95 pedidos para que o titular da pasta esclareça quase duas dezenas de assuntos: do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ao porte de armas; da ida dele ao Complexo da Maré até as imagens do 8 de janeiro. Além, claro, das visitas da chamada "Dama do tráfico" amazonense ao ministério.

Desde o início do governo, Dino é alvo da oposição. Ele esteve algumas vezes no Congresso, em especial na Câmara, onde encarou os ataques dos bolsonaristas.

Ao todo, há 120 pedidos de convocação e convite para que ele compareça ao Parlamento: 107 na Câmara e 13 no Senado.

O foco no momento é o episódio da "dama do tráfico". Luciane foi recebida na pasta da Justiça por dois auxiliares de Dino, não pelo ministro. Ainda assim, os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro querem levá-lo para que dê explicações em audiências públicas.

Somente esta semana, desde que o episódio foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, deputados bolsonaristas protocolaram 10 requerimentos de convocação do ministro para "prestar esclarecimentos acerca das reuniões do Ministério da Justiça com integrantes do Comando Vermelho", conforme justificam os parlamentares nos pedidos.

A repercussão do caso abalou o favoritismo de Dino para a vaga aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Pretextos

Recentemente, o titular da Justiça se negou a comparecer a uma convocação da Comissão de Segurança Pública, onde se concentram parlamentares da bancada da bala. Ele argumentou que, ali, corria riscos, já que parte dos deputados têm porte de arma e não são revistados na entrada do Congresso.

Um dos parlamentares que querem convocar Dino, Gilvan da Federal (PL-ES), conhecido por circular com bandeira do Brasil no ombro, justificou: "É imprescindível que sejam esclarecidos quais os motivos que levaram a citada integrante do Comando Vermelho ter sido recebida em audiências fora da agenda oficial por Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos, e Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais, ambas as autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Inclusive, essas audiências foram confirmadas por aquela pasta de governo". Mas o deputado só pede a convocação do ministro.

Os bolsonaristas usam dos mais variados pretextos para expor Dino nessas audiências. Cobram do ministro explicações a respeito de invasões do MST; da ida dele ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro; da suposta ocultação de imagens da Força Nacional de Segurança no 8 de janeiro; do funcionamento das urnas eletrônicas; e decretos do governo sobre restrição a porte e posse de arma e munições.

Neste mês, por exemplo, o deputado Marcos Pollon (PL-MS), uma liderança dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), protocolou requerimento para Dino ir explicar a compra de 36 metralhadoras leves e miras optrônicas para o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Outro congressista, Paulo Bilynskyj (PL-SP), quer levar o ministro à Câmara para que justifique a promessa de usar a "espada da democracia" contra quem não se vacinar, assim como, "sanções e restrições".

No Congresso, o caso Luciane Barbosa também foi motivo do pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Em postagem nas redes sociais, Dino comentou de novo a respeito das investidas de que tem sido alvo: "Semana passada, em evento no Rio, falei sobre a 'elite' oculta do crime organizado. Como essa gente da 'elite do crime' tem vários amigos e aliados, fica mais fácil entender certas reações e agressões", escreveu, na legenda de um vídeo sobre a cerimônia.

 

Mais Lidas