A participação das mulheres na política foi o tema de um debate realizado, ontem, no Palácio do Planalto. Organizado pelo Ministério das Mulheres, as participantes cobraram, sobretudo, igualdade de oportunidades, tal como prevê um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030.
O evento contou com a presença de, entre outras, a primeira-dama Janja, as ex-presidentes Michelle Bachelet, do Chile, e da Costa Rica, Laura Chinchilla, e da ex-primeira-ministra do Senegal, Aminata Touré. Institulado Mulheres no Poder: Estratégias para Implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU, as brasileiras cobraram maior equidade de vagas nos partidos políticos, sobretudo porque, em 2024, haverá eleição municipal e a previsão é de que a participação feminina pouco avance.
"É preocupante quando olhamos para o Brasil nos últimos lugares de todos os indicadores de igualdade de gênero na política, segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em relação aos outros países do continente. As cotas dos partidos já não são suficientes, não atendem. Precisamos lutar por mais cadeiras e ficar em 50% e 50%", exortou Janja.
Segundo a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, "o desafio que está colocado para nós no Brasil é, no ano que vem, eleger, no mínimo, uma vereadora em cada município deste país. Precisamos ter mulheres nesse lugar. Precisamos mudar o discurso, não queremos só a cota de 30% dos partidos. Queremos ser candidatas para nos elegermos, não para sermos laranjas", criticou.
Bachelet, que esteve à frente do o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos até agosto do ano passado, frisou que "as mulheres nunca receberam nada. Tudo se deu por uma luta permanente de mulheres, desde as organizações mais simples, até mulheres em cargos de poder. Nesse ritmo vamos precisar de 300 anos para erradicar o casamento infantil, 140 anos para que as mulheres possam estar igualmente representadas em cargos de poder e liderança no trabalho, mais de 180 anos para que haja igualdade econômica entre homens e mulheres".
Laura Chinchilla reforçou a posição de Bachelet. "Não há nada mais importante para as mulheres que tomar o poder. Não somente pelas políticas e decisões que tomamos em favor das mulheres, mas, também, pela forma que mudamos as gerações mais jovens", observou.
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