LIGAÇÕES PERIGOSAS

Advogada ligada ao Comando Vermelho foi recebida no Ministério da Justiça

Casada com líder do grupo no Amazonas, Luciane Barbosa, condenada por lavagem de dinheiro e associação para o tráfico, se encontrou com assessores de Flávio Dino

Autoridades do Ministério da Justiça receberam em audiência nas dependências do governo a advogada Luciane Barbosa Farias, que supostamente tem ligações com o Comando Vermelho. Ela é casada com Clemilson dos Santos Faria, conhecido como Tio Patinhas, líder da facção no Amazonas. Luciane é advogada e é tratada como a "dama do tráfico amazonense".

A mulher levou um grupo ao ministério, se reuniu com assessores importantes do ministro da Justiça, Flávio Dino, e ainda fez postagens nas redes sociais. O caso foi revelado pelo Estado de S. Paulo desta segunda-feira (13/11).

Foram duas audiências neste ano. A advogada e seu grupo estiveram com dois secretários e dois diretores da pasta, encontros que não foram registrados nas agendas oficiais dessas autoridades.

Luciane e Clemilson foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. Tio Patinhas cumpre 31 anos no presídio de Tefé (AM). Luciane foi sentenciada a 10 anos e recorre em liberdade.

O ministério não negou as visitas da advogada e respondeu ao Estadão que não sabia de quem se tratava. E se referiu a Luciane como a "cidadã” e que seria impossível para a inteligência detectar sua relação com o crime.

O Ministério Publico do Amazonas aponta a advogada como o "braço financeiro" do grupo comandado por seu companheiro e que "exercia papel fundamental também na ocultação de valores oriundos do narcotráfico, adquirindo veículos de luxo, imóveis e registrando ‘empresas laranjas".

No dia 19 de março, Luciane esteve com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos de Flávio Dino, e ex-deputado federal. Em 2 de maio, ela se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). Esses encontros foram registrados por ela nas redes sociais, com a justificativa de que levava ao governo "denúncias de revistas vexatórias" no sistema prisional amazonense.

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