A embaixada de Israel no Brasil divulgou uma nota, nesta sexta-feira (10/11), culpando o Hamas pelo novo atraso na saída dos brasileiros retidos na região palestina da Faixa de Gaza, epicentro do conflito. O embaixador do país, Daniel Zonshine, vem incomodando setores do governo após diversas declarações e pela aproximação de setores da oposição no parlamento, inclusive promovendo, essa semana, na Câmara, um evento com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Apesar dos muitos esforços de Israel e do Brasil, o Hamas impediu hoje a abertura da passagem de Rafah e impediu que os cidadãos brasileiros saíssem da Faixa de Gaza”, disse a nota da embaixada de Israel no Brasil.
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A nota da embaixada vai na contramão da declaração do chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que disse que o controle da passagem da fronteira pelo lado de Gaza é feito por Israel. “Israel tem uma palavra definitiva com relação a quem sai. Há militares de Israel em Gaza e a abertura é feita do lado de Gaza com autorização e participação direta de Israel”, disse Vieira em coletiva nesta sexta-feira.
A informação do chanceler é corroborada por Osama Hamdan — um dos líderes sêniores do Hamas, baseado em Beirute — que rejeitou as acusações da representação de Israel no Brasil, de atribuem ao grupo extremista o fechamento da fronteira com o Egito, que impediu a passagem do comboio com os brasileiros. "Se nós tivéssemos o controle do portão de Rafah, nós permitiríamos a entrada de ajuda humanitária e de produtos essenciais para os palestinos que estão sob ataque", afirmou ao Correio, por telefone.
"Mais uma vez, isso é parte das mentiras de Israel. Quem está no comando de impedir a passagem pelos postos fronteiriços, incluindo Rafah, são os israelenses. Eu espero que esses brasileiros cheguem em casa com segurança", concluiu Hamdan.
Os posicionamentos do embaixador israelense vêm criando um desconforto em diversos setores do governo que apontam que a permanência do diplomata está próxima a tornar-se insustentável. Até o momento, a possibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamar o diplomata para prestar esclarecimentos está descartada, assessores palacianos dizem que a prioridade do governo é o resgate dos brasileiros presos em Gaza, “nosso foco é o caso dos brasileiros em Gaza, prioridade total”, e apontam que qualquer reclamação mais contundente pode azedar a negociação para a operação de resgate.