A quarta-feira (8/11) foi movimentada no plenário do Senado, na histórica aprovação da reforma tributária, aprovada em dois turnos. Pela primeira vez, esse tipo de assunto avança no regime democrático.
Foram vários os flagrantes para quem acompanhou de perto, nos bastidores. Um exemplo foi o lobby do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que circulava entre os senadores e atuava contra o texto. Ele entregava um relatório da área financeira de seu governo argumentando que a alíquota do imposto único, o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) iria estourar e inviabilizar as contas de estados e municípios. Castro tentou convencer o relator, mas Eduardo Braga (MDB-AM) não cedeu.
Primeiro condenado no mensalão, em abril de 2015, o ex-deputado federal André Vargas (PT-PR) apareceu no plenário, circulou discretamente pelos cantos e esteve a alguns metros de Sergio Moro (União-PR), o juiz que determinou sua prisão, em abril de 2015. Vargas foi solto em outubro de 2018. O petista abordou o conterrâneo senador Flávio Arns (PSB-PR) e conversaram um pouco. Teve petista incomodado com sua presença ali.
"Até gosto dele, mas acho que não escolheu um bom momento para vir aqui", disse um parlamentar do partido ao Correio, sob reserva.
Entre os principais responsáveis pela aprovação da reforma, Davi Alcolumbre (União-AP) circulava por todo o plenário e também no cafezinho do Senado, num local mais reservado, onde sentava nas mesas com os colegas e era visto o tempo inteirinho de cochicho, em conversas ao pé do ouvido, buscando votos para aprovar a reforma tributária. E fazia brincadeiras.
"Esse aqui é o nosso mais novo aliado", afirmou Alcolumbre, abraçando o senador Plínio Valério (PSDB-AM), que votou a favor do relatório, nos dois turnos.
O governo articulava forte. No momento da orientação dos líderes partidários, antes da votação, o líder do Podemos, Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), anunciou no microfone que, dá sua bancada, ele e Soraya Thronicke (MS), votariam contra. Pegos de surpresa com a posição da senadora, imediatamente o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e o relator Braga foram conversar com ela, tentativa de convencimento de virar seu voto, que durou cerca de dez minutos. Mas em vão. Thronicke votou contra a reforma nos dois turnos.
Numa das rodas de conversa de Alcolumbre, Moro também sentou na mesa. Réu no mensalão, porém absolvido, o ex-senador petista Paulo Rocha (PA) se aproximou e fez festa com senador do Amapá. Alcolumbre, então disse: "Conheces o senador Sergio Moro?". Rocha e Moro, então, apertaram as mãos. Secamente.
Saiba Mais
-
Política Dino rebate Israel e diz que "nenhuma força estrangeira manda na PF"
-
Política Deputadas federais mineiras também são alvo de ameaças
-
Política Reforma tributária: expectativa do governo é de promulgação este ano
-
Política Nas Entrelinhas: guerra em Gaza pôs o Brasil na rota do terrorismo
-
Política Alckmin sobre aprovação da reforma tributária: "Momento histórico"
-
Política Enem: presidente do Inep diz que exame "não demoniza agronegócio"