O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, ontem, a lei que cria a pensão para órfãos de mulheres vítimas de feminicídio. Em evento no Palácio do Planalto, classificou o crime como uma "brutalidade abominável". Disse, também, que sancionava a lei com tristeza, por se tratar de uma medida em função da morte de uma mãe.
"Uma das coisas mais abomináveis que acontece na relação humana, em pleno século 21, é a mulher se transformar em vítima prioritária, dentro da sua casa, de marido, namorado, ex-marido, ex-namorado e, às vezes, de outras pessoas. Mais abominável é saber que grande parte das vítimas de feminicídio são mulheres pobres e negras. Ainda muito mais grave é saber que cada mulher dessa tem um filho ou uma filha que vai ficar dependendo de terceiros para ser cuidada", lamentou.
O benefício será concedido aos órfãos cuja renda familiar mensal por pessoa seja de até 25% do salário mínimo, inclusive em casos em que o feminicídio tenha ocorrido antes da publicação da lei. A pensão alcança crianças e adolescentes. A estimativa é de que as pensões custem aproximadamente R$ 33,5 milhões até 2025.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), autora da lei, e a primeira-dama Janja também participaram do evento. Lula lembrou que a intenção da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, era de que os crimes contra a mulher diminuíssem.
"O que aconteceu é que tem piorado a situação. Em que momento erramos na formação da humanidade? Será que foi falta de escola, de educação no berço? Foi falta de convivência civilizada. Será que foi a má educação que recebeu? Que foram as companhias que ele teve durante a vida? Poderia se dizer que é por cachaça, por droga, mas muitas vezes não é por nada", disse.
Segundo o presidente, é preciso garantir que as vítimas da violência não tenham os filhos abandonados pelo Estado. "Se o Estado não cuidou da pessoa, e permitiu que ela fosse vítima, precisa assumir a responsabilidade de cuidar dessas crianças", frisou.
De acordo com o projeto de lei que estabelece a pensão para o órfão de feminicídio, em 2020 foram registrados 3.913 assassinatos de mulheres.
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