O ex-governador de Goiás e ex-senador Marconi Perillo foi eleito, nesta quinta-feira (30/11), como novo presidente do PSDB. Com um mandato de dois anos, o eleito substituirá o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que atuava interinamente depois de uma decisão judicial que determinou que o partido realizasse novas eleições para não mais prolongar o mandato do gaúcho.
A escolha foi realizada pouco tempo depois da escolha do novo diretório nacional da legenda, que foi escolhido em votação por delegados de todo país através de uma eleição em sistema híbrido, que teve início na quarta-feira (29/11) através de um sistema de votação pela internet e com voto físico durante a realização da convenção nacional em Brasília, no Centro de Eventos Brasil 21, nesta quinta-feira (30/11).
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Depois de uma diminuição dos espaços dos tucanos nos últimos anos, marcada até com a saída de líderes históricos da legenda — como o atual vice-presidente Geraldo Alckmin, hoje no PSB —, a escolha de Perillo é vista como uma vitória ao grupo mais próximo do deputado federal Aécio Neves (MG), que aposta em direcionar o partido para uma oposição mais firme ao governo Lula.
Com a eleição do Diretório Nacional mais favorável a Aécio, a candidatura do outro grupo dos tucanos, o ex-senador José Aníbal (SP), acabou sendo retirada da disputa na última hora, e o ex-governador goiano foi eleito por aclamação, antecipando assim a decisão que seria tomada apenas na sexta-feira (1º/11).
Durante a convenção, Aníbal justificou a retirada da candidatura. "Eu queria dar uma satisfação, porque eu coloquei minha candidatura a presidente do diretório. Coloquei agora nesse final de semana. Conversei com muitos companheiros, mas não pareceu suficiente para a disputa", ponderou.
Além da possível candidatura de Aníbal, ainda se articularam os nomes do ex-senador Tasso Jereissati (CE), defendido pelo gaúcho Eduardo Leite, mas desafeto de Aécio, e do líder do PSDB na Câmara, deputado Adolfo Viana.
Com a maioria dos membros da nova executiva ligados a Aécio, o grupo que esperava que o partido assumisse uma postura de oposição mais moderado ao governo Lula, abordagem defendida especialmente pelos três governadores da legenda, Eduardo Ridel (MS) Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE), que dependem do governo federal para tocar os projetos em seus estados, sai da convenção enfraquecido.
"O PSDB já era oposição, mas agora isso ficou mais claro. Na prática o Marconi assumindo a presidência do partido vamos ter uma pessoa mais política, bem disposta, que terá mais esse espírito partidário e político. Na verdade o Eduardo (Leite) é governador, então não tem muito tempo para o partido, não deu o tempo que o partido precisava", apontou ao Correio o senador do DF, Izalci Lucas, defensor de uma oposição mais ostensiva ao governo Lula.
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Apesar de alfinetar a gestão de Leite, Izalci reafirmou que o gaúcho deve ser o candidato à presidência da legenda. "Sempre com o compromisso com o Eduardo, que na prática é o nosso candidato potencial do PSDB em 2026 (à presidência)".
Com a derrocada do PSDB em São Paulo, depois da saída de João Dória e a perda do comando do governo paulista após quase 30 anos de hegemonia, a disputa pelo poder da legenda, antes no eixo São Paulo — Minas Gerais, passou a ser, discretamente, travada entre o Rio Grande do Sul e Minas.
Apesar das desavenças, o PSDB segue apostando em lançar o governador gaúcho como o candidato do partido ao Planalto em 2026. Integrantes da legenda avaliam que mesmo sem possibilidade de vitória, é fundamental para o partido recuperar parte da representatividade perdida.
“A gente quer fazer esse Brasil um país melhor. Não somos candidatos a mito, super-heróis, nem a salvadores da pátria. O PSDB é feito por homens e mulheres que têm a compreensão da necessidade de somarmos forças. Somos brasileiros que querem dar contribuição a este país, com um caminho de serenidade e sobriedade, sensatez e equilíbrio”, disse Eduardo Leite na convenção, logo após a confirmação de Perillo.
Mais afastada da legenda, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, que fontes do partido indicam já estar com "o pé na porta", não apareceu na Convenção em Brasília. Com uma ótima relação com o presidente Lula, Raquel está com a comitiva brasileira na Conferência do Clima da ONU, a COP 28, em Dubai.
Apesar de negar que deixará o ninho tucano, Raquel vem se aproximando do PSD, partido de Gilberto Kassab e do ministro da Pesca André de Paula, com quem a governadora tem proximidade. Dentro do PSDB é tido como certo que o fortalecimento de Aécio favoreça ainda mais o voo da governadora para fora do partido.
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