Caso o Senado confirme a indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF), a oposição bolsonarista na Câmara terá realizado um esforço em vão e desperdiçado um volume de papel e de tempo quase inestimável. Os deputados seguidores de Jair Bolsonaro dedicaram parte de suas horas em algumas comissões da casa, neste ano, para endurecer o discurso contra Dino, criticá-lo e tentar, em vão, levá-lo dezenas de vezes para constrangê-lo em audiências públicas.
Se Dino virar ministro do tribunal, de fato, os 95 requerimentos de convocação que o obrigam a comparecer na Câmara "caem", no linguajar técnico da casa. Terão como destino o arquivo e perdem a razão de existir. Não terá mais sentido requerimento para uma autoridade que já não ocupa o cargo que o levou a ser protagonista do requerimento.
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O ministro é alvo em especial da "bancada da bala", reunida na Comissão de Segurança Pública, espaço que Dino se negou a comparecer, com o argumento justamente de falta de garantia à sua integridade, de que ali corria riscos.
Ao todo, Dino é alvo de 120 pedidos de convocação e convite para comparecer ao Congresso: 107 na Câmara e 13 no Senado. Os temas são os mais variados e vão desde o fato de seu ministério ter recebido uma advogada que vem sendo associada ao facção criminosa a relações do governo com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), ao porte de armas e a sua ida ao Complexo da Maré e até as imagens do 8 de janeiro.
O ministro foi o integrante do governo que mais enfrentou os bolsonaristas. As inúmeras vezes que comparece à Câmara enfrentou os parlamentares da oposição com reações que ganharam notoriedade.
Em visita ao Senado na manhã desta quarta-feira (29/11), onde iniciou seu périplo para conquistar votos na sabatina na CCJ e no plenário, ele comentou esses atritos com os oposicionstas.
"O perfil combativo é próprio da política. Evidentemente, quando você muda de função, você muda o perfil de sua atuação."
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