O voto do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), a favor da PEC que reduz poderes dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) irritou profundamente a direção do PT, a bancada dos senadores do partido e também deputados, além de magistrados da Corte.
A presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), reuniu-se, nesta quinta-feira, com a bancada na liderança do partido no Senado, encontro que estava agendado havia alguns dias. Mas o voto de Wagner foi o centro da conversa. O líder do governo nem ficou para a reunião. Ele saiu no momento em que Gleisi chegava. Os parlamentares petistas estavam indignados por não terem sido comunicados previamente da posição do senador baiano. O líder do PT na Casa, Fabiano Contarato (ES), disse, porém, que foi avisado por Wagner antes da votação.
Aos senadores, Gleisi mostrou irritação e afirmou que Wagner prestou um serviço à extrema direita. No Planalto, a deputada reafirmou, a jornalistas, as críticas. "Eu considerei o voto do Jaques um erro. E vamos tentar, na Câmara, fazer as articulações para não deixar a PEC prosperar", afirmou Gleisi. Ela reiterou que o momento não é de debater esse assunto, até pelo papel que o STF adotou ante os atos golpistas e no combate à epidemia da covid-19.
"Na realidade, servia (a PEC) aos interesses da extrema direita, que queria que as investigações sobre os atos antidemocráticos não acontecessem ou não se chegassem aos culpados", frisou a petista.
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Já o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), desconversou sobre o episódio, ao ser perguntado a respeito dos desconfortos entre o Executivo e o Judiciário.
"O governo reconhece o papel histórico do STF na última quadra histórica. Tem significado que, no 8 de janeiro, o prédio mais vilipendiado tenha sido o do STF", argumentou. "Tenho certeza de que teremos entendimento. Não tem nenhum impasse entre o governo e o STF."
Bolsonarismo
Vice-líder do governo no Congresso e da Maioria na Câmara, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou o colega de partido. "Não consigo entender esse voto do Jaques Wagner. No momento em que o bolsonarismo ataca o STF por causa do julgamento da tentativa de golpe no 8 de janeiro e pelo medo da prisão de Jair Bolsonaro pelo próprio Supremo", postou nas redes sociais.
Wagner se manifestou também pelas mídias sociais e evitou rebater as críticas que tem recebido. Repetiu que se tratou de uma posição pessoal e que o governo não ia adotar um lado.
"Esclareço que meu voto na PEC (...) foi estritamente pessoal, fruto de acordo que retirou do texto qualquer possibilidade de interpretação de eventual intervenção do Legislativo. Como líder do governo, reafirmei a posição de não orientar voto, uma vez que o debate não envolve diretamente o Executivo", escreveu.
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