O voto do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), a favor da emenda constitucional que reduziu poderes dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), irritou profundamente a bancada do partido na casa. Eles não foram comunicados previamente da posição do senador baiano.
A presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), participou de uma reunião com a bancada na liderança do partido no Senado, encontro que já estava previamente agendado há alguns dias. Mas o voto de Wagner foi o centro da conversa. O líder do governo nem ficou para a reunião. Ele saiu no momento que Gleisi chegava.
- Mesmo com oposição de alguns ministros, Senado aprova PEC que limita o STF
- Veja quem votou contra e a favor da PEC que limita poderes do STF
- Moraes sobre PEC do Senado: "STF não se compõe de covardes e medrosos"
Aos senadores, a petista mostrou profunda irritação e afirmou que Wagner estava equivocado e que prestou um serviço à extrema direita. A expressão usada entre os senadores petistas foi que o senador "arrumou a mesa e esticou a toalha para a direita jantar".
A posição do senador a favor da emenda irritou até mesmo o senador Paulo Paim (PT-RS), de comportamento mais moderado, mas que expressou sua indignação. Ele e outros seis senadores do partido votaram contra a PEC.
No Palácio do Planalto, a presidente do PT conversou com jornalistas e reafirmou as críticas ao voto do líder do governo no Senado.
"Eu considerei o voto do Jaques um erro. E vamos tentar na Câmara fazer as articulações para não deixar a PEC prosperar", disse Gleisi, que voltou a afirmar também que o momento não é de debater esse assunto até pelo papel que o STF adotou no combate aos atos golpistas de 8 de janeiro e também no combate à epidemia da Covid-19.
"E, na realidade, servia (a PEC) aos interesses da extrema-direita, que queriam que as investigações sobre os atos antidemocráticos não acontecessem ou não se chegassem aos culpados", afirmou a petista.
Jaques Wagner se manifestou nas suas redes e evitou rebater as críticas que têm recebido. Ele repetiu o que disse no plenário, que se tratou de uma posição pessoal e que o governo não iria adotar um lado.
"Esclareço que meu voto na PEC que restringe decisões monocráticas do STF foi estritamente pessoal, fruto de acordo que retirou do texto qualquer possibilidade de interpretação de eventual intervenção do Legislativo. Como líder do governo, reafirmei a posição de não orientar voto, uma vez que o debate não envolve diretamente o Executivo".
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br