O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quinta-feira (23/11) que é preciso pensar em uma "nova globalização" na relação entre os países, considerando aspectos sociais e ambientais. Para ele, o mundo está em uma encruzilhada, e a alternativa é uma crescente fragmentação e protecionismo, com "consequências imprevisíveis para a estabilidade geopolítica".
Haddad participou, nesta manhã, do lançamento da Comissão Nacional para a Coordenação da Presidência do G20, no Palácio do Planalto. Ele coordenará a chamada trilha financeira do bloco, e anunciou algumas de suas prioridades, como a reforma das instituições financeiras internacionais.
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"De um ponto de vista econômico, o mundo está em uma encruzilhada. Ou continuamos caminhando para uma crescente fragmentação, com a formação de blocos protecionistas e consequências imprevisíveis para a estabilidade geopolítica, ou inventamos uma nova globalização. Dessa vez, colocando questões socioambientais no centro de nossas preocupações", discursou Haddad no encontro.
Para o ministro da Fazenda, a globalização não é algo a se temer, mas foi feita de forma equivocada no passado, aumentando as desigualdades e incentivando o consumo predatório dos recursos naturais. Ele destacou ainda a crise econômica de 2008, que teve início nos Estados Unidos e afetou o mundo inteiro, como o auge das "angústias" trazidas pelo modelo.
"Nós temos que recuperar o multilateralismo, e nós temos que recuperar uma perspectiva de integração entre as nações, mas isso tem que ser feito de outra maneira. Essa reglobalização precisa ser liderada com outros olhos. Um olho voltado para aqueles que mais precisam da atuação do Estado, da sociedade, para recuperar as oportunidades perdidas, e um olho na gravíssima questão climática, que pode oferecer oportunidades inéditas de desenvolvimento econômico e geração de oportunidades", enfatizou Haddad.
Prioridades para o G20
O encontro também das prioridades do Brasil para o G20, especialmente o combate às desigualdades e às mudanças climáticas, como exposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Haddad também anunciou as linhas gerais da área financeira, buscando a redução de riscos, colocar a desigualdade no centro da agenda macroeconômica global, estabelecer uma tributação internacional justa, fechar brechas legais que permitem a evasão fiscal, estabelecer um fluxo contínuo de recursos para os países menos desenvolvidos, e resolver a dívida externa desses países, especialmente no continente africano.
Além de Lula e Haddad, estavam presentes o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, e outros ministros de Estado. O Brasil assume em 1º de dezembro a presidência do G20.
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