O governo brasileiro vai propor na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28), que será realizada entre 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que países ricos concedam incentivos para que nações pobres ou em desenvolvimento zerem as emissões de CO2 na atmosfera. Além disso, neste ano, o país deve enviar a maior comitiva da história para o evento.
De acordo com o embaixador André Aranha, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, até o momento, 2,4 mil pessoas se inscreveram para integrar a delegação brasileira que participará da conferência. Ele afirmou, nesta segunda-feira (20/11), durante coletiva de imprensa no Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) sobre a COP, que será feito um esforço para acomodar o máximo de pessoas possíveis.
Do número total de inscritos, 400 pessoas são integrantes do governo e as demais se dividem em empresários, cientistas, ativistas e políticos. "Eu participei de algumas COPs anos atrás. Havia uma cultura de que a delegação do Brasil atendia todos os brasileiros que quisessem fazer parte. Antes a delegação do governo tinha mais pessoas de fora do governo do que de dentro do governo. Como vocês sabem, eu acho o máximo o Brasil integrar todo mundo. Quando se tem o empresariado entendendo como o Brasil está, é algo que ajuda imensamente. Que seja o empresariado, os cientistas, o governo local", disse André.
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Ana Toni, secretária Nacional de Mudança do Clima da pasta, destacou um relatório das Nações Unidas de que só existe 14% de chances de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC até 2100. A entidade projeta que o clima da Terra pode aumentar até 2,9° C até o final do século, o que representaria uma tragédia global, com fenômenos climáticos extremos rotineiros, escassez de alimentos, água, ondas de calor mortais, furacões, tempestades e a morte em escala colossal de animais e plantas.
A secretária afirmou que é necessário que exista incentivo para que os países acelerem o cumprimento da meta de zerar a emissão de gases do efeito estufa, pois no ritmo atual não é possível impedir um desastre climático. "A proposta do Brasil do “Missão 1.5” deixa claro que precisamos ir mais rápido. Adiantar a implantação ou ocorre pela dor ou pelo estímulo. O que o Brasil está se propondo que é construir nessa “Missão 1.5” um pacote de apoio para países que queiram ir mais rápido, mas não conseguem, seja por falta de recursos ou outros fatores", declarou.
Ela afirmou ainda que países que não atingirem a meta devem ser punidos. "A conta não está fechando. Nós vamos ter que acelerar a implementação. Temos que não só punir os países que não estão conseguindo chegar nesta meta, mas criar estímulos para que ele queiram e possam ir mais rápido", completou.
Eventos extremos
A Cop 28 ocorre em um momento que o Brasil enfrenta eventos extremos do clima, em razão do fenômeno La Nina, que se intensificou e do aquecimento global. Neste ano, o país já passou por oito ondas de calor. Atualmente, uma delas atinge o Sudeste e Centro-Oeste do país. No domingo (19), o município de Araçuaí (MG), localizado a 678 km de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha, bateu o recorde de calor no Brasil.
A cidade, de 34 mil habitantes, alcançou a marca de 44,8º C. A temperatura bateu a máxima história registrada em 2005, quando Bom Jesus, no Piauí, registrou 44,7º C. Além disso, a Amazônia enfrenta uma seca histórica, que está obrigando moradores de Manaus a abrir poços em busca de água e está secando rios na região. No Sul, furacões e tempestades geram ventos acima de 100 quilômetros por hora e deixam mortos e cidades inundadas.
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