O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao presidente israelense, Isaac Herzog, se empenhar pela libertação dos reféns feitos pelo grupo terrorista Hamas, depois do ataque de 7 de outubro. Os dois conversaram, ontem, por telefone, por aproximadamente 40 minutos. Segundo o Palácio do Planalto, Herzog lembrou a Lula que vários latino-americanos estão cativos dos radicais islâmicos e pediu que reforçasse o apelo pela libertação, em articulação com outros países do continente.
Além de se comprometer com o presidente israelense, Lula recordou apelos que fez pela libertação dos reféns. Ele relatou que manteve contatos com chefes de governo e de Estado da região — como Irã, Emirados Árabes, Turquia, Catar, Egito, Autoridade Palestina —, além de França, Rússia e Índia.
Em nota, Lula "agradeceu o apoio israelense para a repatriação de 32 cidadãos brasileiros da Faixa de Gaza e informou que está em preparação uma nova lista de brasileiros e seus parentes palestinos. Manifestou certeza de que continuará a contar com o apoio do governo de Israel nesse sentido. Ouviu do presidente Herzog que serão feitos todos os esforços para que esses cidadãos possam sair de Gaza com a devida rapidez".
Apesar das críticas que fez ao gabinete do premiê Benjamin Netanyahu sobre a reação militar desproporcional na Faixa de Gaza, em busca dos terroristas do Hamas, Lula enfatizou a tradição pacífica do Brasil, onde judeus e árabes sempre conviveram em paz. O presidente ainda defendeu a criação de dois Estados naquela região do Oriente Médio, "com Israel e Palestina vivendo lado a lado, com fronteiras seguras e mutuamente aceitas".
Mas, antes da conversa com Herzog, Lula lamentou pelas redes sociais a morte de três civis portugueses, em um bombardeio no sul da Faixa de Gaza. O presidente cobrou que as repatriações sejam realizadas "o mais breve possível".
"Transmito minhas condolências ao governo e ao povo de Portugal pela trágica notícia da morte de três civis daquele país. Estavam entre os cerca de três mil estrangeiros que ainda aguardam para deixar Gaza pelo posto fronteiriço de Rafah. Os civis de muitos países correm risco de vida e precisam ter atendido, no mais breve prazo possível, seu direito de repatriação, a exemplo do que ocorreu com os 32 brasileiros e familiares que já se encontram no Brasil", cobrou.
Críticas
Lula tem subido o tom em relação a Israel e afirmado que as ações militares em Gaza são tão graves quanto o terrorismo do Hamas, e que "estão matando inocentes sem critério nenhum. Joga bomba onde tem criança, onde tem hospital, a pretexto de que um terrorista está lá. Não tem explicação", disse no último dia 13. Naquele mesmo dia, quando da chegada dos repatriados brasileiros-palestinos que esperavam em Gaza a passagem para o Egito, ele reforçou a crítica no discurso em que deu as boas vindas aos 32 do grupo que desembarcou em Brasília.
As críticas de Lula a Israel foram mal recebidas por entidades da comunidade judaica. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) classificou-as como "equivocada e perigosa". Já a ONG israelense StandWithUs chamou as declarações de "graves e inverídicas".
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