O ministro da Justiça, Flávio Dino, segue sendo o alvo preferido dos bolsonaristas no Congresso Nacional. O caso que envolve a advogada Luciane Barbosa, mulher de um líder do Comando Vermelho no Amazonas, elevou para 95 os requerimentos de convocação para que o ministro compareça à Câmara para prestar contas de quase duas dezenas de assuntos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ao porte de armas, de sua ida ao Complexo da Maré até as imagens do 8 de janeiro.
Desde o início do governo, Dino é alvo da oposição, e já compareceu algumas vezes em especial na Câmara, onde faz o enfrentamento contra os ataques dos bolsonaristas. Ao todo, Dino é alvo de 120 pedidos de convocação e convite para comparecer na Câmara e no Senado: 107 na Câmara e 13 no Senado.
Sobre o episódio da advogada que foi recebida em audiências nas dependências de sua pasta, em encontros com dois de seus auxiliares, Dino não se encontrou com Luciane e seu secretário de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, já assumiu a responsabilidade pela presença da mulher no ministério. Ainda assim, os aliados de Jair Bolsonaro querem levar o ministro para dar explicações em audiências públicas.
Somente esta semana, desde que o caso da "dama do tráfico" do Amazonas foi revelado pelo O Estado de S. Paulo, deputados bolsonaristas protocolaram 10 requerimentos de convocação do ministro para "prestar esclarecimentos acerca das reuniões do Ministério da Justiça com integrantes do Comando Vermelho", justifica os parlamentares nos requerimentos.
Pretextos
Recentemente, ele se negou a comparecer a uma convocação da Comissão de Segurança Pública, onde se concentra parlamentares da bancada da bala, e argumentou que, ali, corria riscos, já que parte desses deputados tem porte de armas e não são revistados na entrada do Congresso.
Um dos deputados que querem convocar Dino, Gilvan da Federal (PL-ES), conhecido por circular com bandeira do Brasil no ombro, justificou: "É imprescindível que seja esclarecido quais os motivos que levaram a citada integrante do Comando Vermelho ter sido recebida em audiências fora da agenda oficial por Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos, e Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais, ambas as autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública, inclusive, essas audiências foram confirmadas por aquela pasta de governo". Mas o deputado só pede a convocação do ministro.
Os bolsonaristas usam dos mais variados pretextos para expor Dino nessas audiências. Cobram do ministro explicações sobre invasões do MST, sua ida ao Complexo da Maré, no Rio, a suposta omissão de imagens da Força Nacional de Segurança no 8 de janeiro, funcionamento das urnas eletrônicas e decretos do governo sobre restrição ao porte e posse de arma e munições.
Neste novembro, por exemplo, o deputado Marcos Pollon (PL-MS), uma liderança dos Cacs (caçadores, atiradores e colecionadores), protocolou requerimento para Dino ir explicar a compra de 36 metralhadoras leves e miras optrônicas para o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Outro deputado, Paulo Bilynskyj (PL-SP) quer levar o ministro na Câmara para explicar a seguinte declaração de que promete usar a “espada da democracia” contra quem não se vacinar, assim como, “sanções e restrições”.
No Congresso, o caso da advogada com supostas ligações com o Comando Vermelho é também motivo do pedido de instalação de uma CPI.
Luciane Barbosa negou que tenha relações com o Comando Vermelho. Ela é casada com Clemilson Farias, o "Tio Patinhas", que seria líder da facção no estado.
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