Guerra

"Equivocada e perigosa", diz Confederação Israelita sobre fala de Lula

Mais cedo nesta segunda-feira (13/11), Lula disse que as ofensivas de Israel na Faixa de Gaza são tão graves quanto o terrorismo do Hamas

"As soluções de Israel são tão graves quanto foram as do Hamas, porque eles estão matando inocentes sem nenhum critério", disse Lula durante evento no Palácio do Planalto - (crédito: Cláudio Kbene/PR )
postado em 13/11/2023 21:04

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter subido o tom nesta segunda-feira (13/11) e equiparado que as ofensivas de Israel na Faixa de Gaza como tão graves quanto o terrorismo do Hamas e dizer que o país "está matando inocentes sem nenhum critério", entidades israelenses criticaram o posicionamento do petista. Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib), apontou a fala do presidente Lula como "equivocada e perigosa".

"Desde o começo dessa trágica guerra, provocada pelo mais terrível massacre contra judeus desde o Holocausto, Israel vem fazendo esforços visíveis e comprovados para poupar civis palestinos, pedindo que eles se desloquem para áreas mais seguras, criando corredores humanitários, avisando a população da iminência de ataques. O Hamas, por outro lado, se esconde cínica e covardemente atrás das mulheres e crianças de Gaza. A morte desses civis palestinos é uma arma importante da estratégia do Hamas, uma estratégia que o próprio grupo terrorista reconhece que pratica", apontou.

A Conib ressaltou que "além de equivocadas e injustas, falas como essa do presidente da República são também perigosas ao estimular entre seus seguidores uma visão distorcida e radicalizada do conflito, no momento em que os próprios órgãos de segurança do governo brasileiro atuam com competência para prender rede terrorista que planejava atentados contra judeus no Brasil".

"A comunidade judaica brasileira espera equilíbrio das nossas autoridades e uma atuação serena que não importe ao Brasil o terrível conflito no Oriente Médio", emendou.

Já o escritório brasileiro da ONG israelense StandWithUs chamou de "graves e inverídicas" as declarações.

"Tais afirmativas são graves. O presidente brasileiro equiparou Israel, um Estado democrático com um grupo terrorista com intentos abertamente genocidas que massacrou cerca de 1.200 pessoas — dentre elas, três brasileiros — e sequestrou 240 pessoas", apontou trecho do texto, assinado por André Lajst, presidente-executivo da organização.

"Essa fala ignora por completo o fato muito bem documentado e até mesmo reconhecido hoje pela União Europeia, de que o Hamas usa hospitais e crianças como escudos humanos. Também é inverídica, uma vez que diferentemente do que afirmou o presidente brasileiro, Israel não mata 'inocentes sem nenhum critério'".

O texto afirma ainda que "em toda guerra, mesmo com todas as leis internacionais sendo cumpridas, infelizmente, haverá baixas civis".

"Todas as vidas perdidas nesse conflito são de igual valor, palestinas e israelenses, e é lastimável que tantos civis inocentes estejam morrendo. Justamente por causa disso, é necessário compreender corretamente as causas dessa tragédia e os verdadeiros responsáveis por ela", conclui a nota.

Entenda o caso

Durante o evento de assinatura da nova Lei de Cotas nesta segunda-feira, Lula afirmou que "as soluções de Israel são tão graves quanto foram as do Hamas".

"A quantidade de mulheres e crianças que já morreram, de crianças desaparecidas, a gente não tem conhecimento em outra guerra. Nessa guerra, depois do ato provocado, e eu digo ato de terrorismo do Hamas, as consequências, as soluções de Israel são tão graves quanto foram as do Hamas, porque eles estão matando inocentes sem nenhum critério. Joga bomba onde tem criança, onde tem hospital, a pretexto de que um terrorista está lá. Não tem explicação. Primeiro vamos salvar as crianças, as mulheres e depois faz a briga com quem quiser fazer", apontou.

Lula disse ainda que a ação de repatriação dependia "da boa vontade de Israel" e emendou que verá se há brasileiros na Cisjordânia querendo retornar ao Brasil. As falas ocorreram no mesmo dia em que um avião com 32 repatriados brasileiros da Faixa de Gaza retorna ao Brasil. 

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